“Casseta & Planeta” e “Pânico”: é possível conquistar novos fãs?
Conversando com Emilio Surita na semana que antecedeu a volta do "Pânico" à TV, ele observou: "Nada na TV dura mais de seis meses". É um exagero, claro. Mas o criador do programa estava querendo chamar a atenção para algo real: a volatilidade do gosto do público.
O mesmo espectador que garante o sucesso de um programa pelo hábito de assisti-lo toda semana, cobra novidades de forma permanente. Esta pressão coloca para todo o criador um dilema natural: renovar sem perder a identidade.
"A Grande Família" é um belo exemplo. O seriado está no ar, com sucesso, há 12 anos. Sempre se renovando, com a entrada e saída de personagens, com tramas mais ou menos mirabolantes, com piadas melhores ou piores, mas sem perder a identidade jamais.
A volta do "Casseta & Planeta" e do "Pânico" num intervalo de dois dias recolocou em pauta esta questão. O "Casseta" estava no ar havia 18 anos quando houve a decisão de interromper o programa. Ficou um ano de "férias" e voltou. O "Pânico" está no ar, sem interrupção, desde 2003.
Ambos trocaram discretamente de título. O primeiro deixou de ser "Casseta & Planeta Urgente" e virou "Casseta & Planeta Vai Fundo". O segundo era "Pânico na TV" e virou "Pânico na Band".
Um parêntesis. Chico Anysio disse em 2007: "Fiquei 36 anos na Rede Globo com um programa que só mudava de título, mas no fundo era a mesma coisa, era eu fazendo tipos, sempre liderando o horário, e sempre sendo o primeiro programa a ser vendido e o melhor vendido a cada ano. Uma coisa gloriosa. Uma carreira que não posso reclamar de nada."
Ao assistir aos dois "novos" programas, procurei pensar basicamente sob esta ótica: foram capazes de se renovar sem perder a identidade? Acho que ambos foram muito bem-sucedidos neste esforço.
Os leitores que opinaram nos dois textos, em sua maioria, não gostaram dos programas. Foram 137 manifestações ao texto Com altos e baixos, "Casseta & Planeta" se renova sem perder a essência e 359 comentários em Sem necessidade de mudar, 'Pânico' repete qualidades e defeitos na Band.
Estes comentários não têm valor estatístico. Não temos como saber a opinião dos que apreciaram os programas. Eles refletem, em sua maioria, o humor de leitores que desaprovaram as atrações.
Em todo caso, estas críticas negativas me levam a pensar que, ao manter a identidade, o que eu considero uma qualidade, estes dois programas não serão capazes de reconquistar a audiência eventualmente perdida ao longo dos anos nem, talvez, atrair novos espectadores. Vão agradar apenas aos fãs de sempre. Será suficiente?
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