Três mistérios do Divino Futebol Clube
Mauricio Stycer
31/05/2012 06h01
O futebol é um coadjuvante importante na trama de "Avenida Brasil". Não vimos, mas sabemos que Tufão (Murilo Benício), o protagonista, começou sua carreira no Divino Futebol Clube, nome também do bairro suburbano onde ele vive.
Treze anos depois, aposentado, o ex-jogador ainda é o maior herói do bairro e do clube. Seu filho adotivo, Jorginho (Cauã Reymond), é jogador do Divino, assim como vários outros personagens.
Primeiro mistério: Quase todo capítulo tem treino no Divino. Diversas cenas paralelas já ocorreram em torno do gramado. Chama a atenção, porém, que os garotos treinam, treinam, treinam (foto no alto), mas nunca jogaram até hoje. Não à toa, parecem um pouco entediados…
Antes de a novela estrear, João Emanuel Carneiro disse a James Cimino, do UOL Televisão, que não planejava mostrar partidas de futebol na novela pela dificuldade de filmá-las de maneira realista. Fico pensando se a opção de mostrar a equipe apenas treinando tem a ver com o fato de uma fabricante de meias fazer merchandising na camisa do clube.
Terceiro mistério: Dias depois, Tufão foi se encontrar com Jorginho no clube. Assim que acaba o enésimo treino, o filho vai tomar banho e se encontra com o pai na sala dos "troféis" (sic), como diz Tufão.
Estranho… No primeiro capítulo da novela, em 1999, Tufão namorava Monalisa (Heloisa Perissé) havia dois anos, como ela diz numa das cenas iniciais, e a pede em casamento horas antes do jogo decisivo pelo Flamengo. Como pode ter conquistado este troféu que está na sala de "troféis" do Divino?
Já andava pensando nos mistérios do Divino Futebol Clube quando recebi o estímulo definitivo para escrever a respeito: um bem humorado e-mail do leitor Alexander Amaral, a quem agradeço, levantando dúvidas sobre esta última cena, que também havia me causado estranheza.
Gravei nesta quarta-feira um comentário em vídeo sobre o assunto:
Atualizado em 2 de julho de 2012: Finalmente, no capítulo 85, o Divino Futebol Clube entrou em campo para uma partida, segundo se informou, válida pelas quartas-de-final da Série B do Brasileirão. A cena foi muito rápida, o suficiente apenas para mostrar a vitória da equipe por 1 a 0, gol de Roni, com passe de Hiran. Jorginho, atormentado desde que viu Nina com Max, não deu as caras.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.