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Mais que Copa do Mundo

Mauricio Stycer

05/07/2012 12h06

Acompanhando a programação da Globo na quarta-feira, escrevi que o tratamento dado à decisão da Libertadores foi digno de uma Copa do Mundo. Na verdade, os números de audiência registrados pela transmissão da partida entre Corinthians e Boca mostram resultado superior ao alcançado pela emissora na estreia da Copa de 2010. Como observou o jornalista Lauro Jardim, no dia de Brasil e Coréia do Norte, a Globo marcou 45 pontos no Ibope, contra uma média de 48 na noite desta quarta-feira.

O texto em que comentei a transmissão da partida, bem como a programação da emissora durante o dia, foi publicado no UOL Esporte  e está reproduzido abaixo

Globo deu tratamento de final de Copa do Mundo ao jogo

Sem os direitos de transmissão da Libertadores na TV paga, pertencentes ao canal Fox Sports, nem o dos Jogos Olímpicos de Londres, adquiridos pela Record, a Globo viu na decisão do torneio continental, disputada por uma das equipes mais populares do país, uma rara oportunidade para dar show em 2012. E deu.

A partida entre Corinthians e Boca Juniors mereceu, em São Paulo, tratamento digno de final de Copa do Mundo. "Uma final histórica", resumiu Christiane Pelajo, apresentadora do "Jornal da Globo".

A emissora tratou da partida em toda a sua programação – inclusive no intervalo das novelas – nesta quarta-feira.

O jogo "começou" no "Bom Dia São Paulo", às 6h30 da manhã, prosseguiu no "Bom Dia Brasil", engrenou no "Mais Você", com Ana Maria Braga, avançou no "Encontro com Fatima Bernardes", e prosseguiu numa edição conjunta do "SPTV" com "Globo Esporte".

O mais novo programa da emissora, aliás, esteve irreconhecível, mais com cara de "Central da Copa", com Fatima no papel que coube a Tiago Leifert, entrevistando atores, torcedores e chamando reportagens na rua sobre o jogo. O investimento valeu a pena – a audiência do "Encontro" deu um salto em relação às edições mais recentes.

No "Hoje", e depois com flashes durante toda a tarde, além de noticiário caprichado na segunda edição do "SPTV", o pré-jogo da Globo conseguiu passar o clima que, de fato, transformou a cidade de São Paulo nesta quarta-feira.

A transmissão da partida, propriamente, não surpreendeu. Com a mesma equipe que atuou nos principais jogos decisivos do Corinthians – Cleber, Caio, Casagrande e Arnaldo – foi aquele festival de clichês de sempre.

Em resumo, críticas à "catimba" argentina (Arnaldo), elogios ao "barulho ensurdecedor" da Fiel (Cleber), a nítida dificuldade de emitir uma opinião (Caio) e um ou outro comentário mais ousado ou engraçado (Casagrande).

Quando o goleiro titular do Boca deixou o gramado contundido, Casagrande animou-se. Afinal, disse, o substituto "não é titular por algum motivo".

Aos 43 minutos do segundo tempo, o Corinthians vencendo por 2 a 0, Cleber soltou um "tá chegando a hora" e Casão, emocionado, disse que, pela primeira vez, desde que deixou os gramados, em 1994, sentia vontade de estar no gramado. Puro Corinthians.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.