Grosseria de globais com paparazzi não se justifica, mas merece ser discutida
Mauricio Stycer
18/07/2012 12h25
No mundo de hoje, com internet, câmeras digitais, redes sociais e sites de celebridades, a relação do carioca com os famosos da cidade mudou. A indiferença deu lugar ao assédio explícito. Além da paixão amadora dos fãs, em busca de uma foto para colocar no Facebook, há também os paparazzi profissionais, que ocuparam as esquinas do Leblon.
Parte das celebridades usa estes fotógrafos profissionais a seu favor, para se manter em evidência, outra parte os tolera, para evitar problemas, e uma minoria deixa claro a sua irritação com os novos tempos de assédio.
No dia seguinte, a atriz Luana Piovani sugeriu no Twitter uma campanha pelo fechamento do site Ego e da revista "Quem", ambas da Globo, principais clientes do paparazzi (Em tempo: a foto da atriz que ilustra este texto foi postada por ela mesma nas redes sociais).
No sábado, 14, foi a vez de Pedro Bial, comandante do "Na Moral", fazer o seu ataque. Questionado pela própria "Quem" sobre o trabalho dos paparazzi, primeiro disse: "Opinião é que nem bunda, cada um tem a sua. Eu tenho a minha posição. E a minha posição no caso dos paparazzi é de alvo". Depois de refletir um pouco, acrescentou: "Tenho simpatia por quem trabalha honestamente… A questão da honestidade é que pega…".
Nesta terça-feira, 17, o comediante Bruno Mazzeo adotou uma linha de raciocínio semelhante à do ator Pedro Cardoso. Em uma conversa com o paparazzo Gabriel Reis no Facebook, Mazzeo disse: "Eu continuo ganhando a minha fortuna e você uma merreca pelas fotos que consegue. Boa sorte"
Cardoso, Luana, Bial e Mazzeo fazem parte deste pequeno grupo que não aguenta mais o assédio dos fotógrafos. Na visão do ator que faz o Agostinho, de "A Grande Família", o interesse do público pela vida das celebridades é sintoma de uma sociedade doente. "Os alemães também compraram o nazismo, por esse raciocínio. A sociedade tem demandas, nem todas as demandas da sociedade são a saúde dela".
Vejo a proposta de Luana como uma piada divertida, como tudo que ela escreve no Twitter. E entendo que Bial levanta um ponto importante sobre a questão da foto "roubada". Qual é o limite?
A discussão está apenas começando e espero que, apesar destas manifestações atrapalhadas, possa avançar. O assunto merece.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.