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Globo erra ao exibir “Suburbia” depois do “Fim do Mundo”

Mauricio Stycer

02/11/2012 12h43

Pelos horários escolhidos para a estreia de dois seriados na noite de quinta-feira, a Globo mostrou que apostava mais em "Como Aproveitar o Fim do Mundo" do que em "Suburbia". Depois do que se viu, é possível dizer que foi uma aposta errada.

O primeiro, uma comédia da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado, foi ao ar por volta das 23h. O segundo, um drama de Luiz Fernando Carvalho, começou por volta das 23h40. Ambos os programas têm a mesma classificação indicativa. "Fim do Mundo" teve média de 15 pontos no Ibope enquanto "Suburbia" ficou com 14, números considerados bons pela emissora.

Protagonizado por Alinne Moraes e Danton Mello, o seriado de Young & Machado parte de uma premissa batida, o que fazer diante da iminência do fim do mundo, para explorar, em tom de comédia maluca, situações de "acertos de conta", com ex-namorados, o professor carrasco da infância etc. Sem graça e sem originalidade, ao menos o programa não causa o constrangimento provocado pelo último trabalho da dupla, o seriado "Macho Man", mas está longe, muito longe da qualidade de "Os Normais", por exemplo.

Já "Suburbia", como escrevi quinta-feira no UOL Televisão, é um trabalho belíssimo e comovente de Carvalho. O seriado gira em torno de Conceição, uma jovem negra, miserável e analfabeta, que chega ao Rio em busca do Pão Açúcar e, depois de enfrentar vários dissabores, acaba encontrando refúgio em Madureira, com uma família calorosa.

Não quero comparar uma comédia com uma série dramática, mas apenas constatar que uma é muito fraca dentro do seu gênero enquanto a outra é de altíssima qualidade no seu. Ao colocar "Suburbia" no horário mais tardio, a emissora parece sinalizar que o programa é "difícil" ou para "pouco público". Creio que é uma visão equivocada.

Em tempo: Meu texto sobre "Suburbia" pode ser lido aqui: Seriado olha com realismo, mas carinho para a dura vida no subúrbio. Uma outra avaliação dos dois seriados por ser lida aqui Autores de "Como Aproveitar o Fim do Mundo" se repetem enquanto "Subúrbia" traz originalidade.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.