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O que deu errado na “Fazenda de Verão”?

Mauricio Stycer

12/12/2012 20h50

Três desistências e uma expulsão em um mês, além de acusações de estar omitindo cenas de intimidade entre duas mulheres. Para piorar, os índices de audiência estão muito abaixo do esperado. "A Fazenda de Verão" está se revelando um mau passo da Record em 2013. Nesta terça-feira, o apresentador Rodrigo Faro tentou convencer o público de que os problemas, na verdade, são uma qualidade. "Aqui é um reality de verdade. Não é pra qualquer um agüentar a pressão". Não é bem assim.  No texto abaixo comento as dificuldades do programa.

"Fazenda de Verão" está muito longe de ser "reality de verdade", como quer Faro

Ao explicar a desistência de Haysam, a terceira desde que começou "Fazenda de Verão", o apresentador Rodrigo Faro disse: "Aqui é um reality de verdade. Não é pra qualquer um agüentar a pressão".

Levando ao pé da letra o comentário de Faro, ele está sugerindo que os demais programas do gênero, nos quais raramente há desistências, não são "de verdade". Isso inclui a própria "Fazenda", da Record.

A gafe de Faro exprime, na verdade, o grande incômodo de quem está fazendo este reality. Além das três desistências, também já houve a expulsão de um candidato menos de uma semana depois de sua chegada ao programa.

Além disso, é difícil dizer que é "de verdade" um reality que frequentemente interrompe a sua transmissão "24 horas" para não mostrar fatos importantes e "guardá-los" para exibição à noite, na TV.

Outro problema diz respeito à edição do programa. Segundo muitos espectadores que acompanham a "Fazenda de Verão" pela internet, a direção está omitindo detalhes importantes, em especial o clima de intimidade entre as candidatas Angelis e Manoella. A emissora nega estar omitindo cenas "quentes" entre as duas.

Em resumo, as três desistências não provam que "Fazenda de Verão" é um "reality de verdade". Ao contrário, elas sinalizam que o programa está enfrentando uma crise inédita.

A cobertura do UOL Entretenimento sobre o reality pode ser vista aqui. Este texto foi publicado originalmente aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.