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Desfile de tipos esquisitos deixa a história de "Pé na Cova" em segundo plano

Mauricio Stycer

25/01/2013 13h53

As divertidas chamadas exibidas antes da estreia de "Pé na Cova", na Globo, levaram muita gente a suspeitar que o seriado criado por Miguel Falabella seria uma espécie de "Familia Adams" do Irajá ou uma versão tropical de "A Sete Palmos".

Nem uma coisa nem outra. Quer dizer, não dá para saber, ainda, aonde pode chegar o programa. O primeiro episódio serviu basicamente para apresentar uma dezena de personagens, todos bem estranhos e com nomes engraçados, mas não deu chance ao espectador de entender direito o que "Pé na Cova" tem para contar.

A história gira em torno da Funerária Unidos do Irajá (FUI), dirigida por Ruço (Falabella), com a ajuda da ex-mulher, Darlene (Marilia Pera), a filha Odete Roitman (Luma Costa), que ganha a vida fazendo strip na internet e namora Tamanco (a cantora Mart´nália), e o filho Alessanderson (Daniel Torres), que sonha ser vereador.

Completam a fauna, entre outros, Adenóide (Sabrina Korgut), empregada da casa; Bá (Niana Machado), ex-babá de Ruço, que já não se lembra de nada; e Soninja (Karin Hils), irmã gêmea de Giussandra (Karina Marthin), proprietárias de uma carrocinha de cachorro-quente.

Há alguns motivos para acreditar no potencial do seriado. O texto esperto e ágil deu bom ritmo ao episódio. Alguns atores, entre os quais o próprio Falabella (apesar do excesso de caretas), Marília Pera e Sabrina Korgut, prometem bons momentos.

O problema é que o desfile de tipos esquisitos acabou tomando todo o tempo do programa. As eventuais histórias que esses personagens podem inspirar ficaram para outro dia. A reflexão de Ruço na conclusão do episódio sugere haver a intenção de ir além da superficialidade exibida na estreia.

Olhando para a família e os agregados, ele diz: "Não é o mundo que eu desejei, o mundo que eu sonhei, mas é o mundo que eu tenho. A família é o último refugio neste mundo cada vez mais sem coração."

Mais: Este texto foi publicado originalmente aqui, no UOL Televisão. Uma entrevista com Falabella sobre a série pode ser lida aqui. Os personagens da história podem ser vistos aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.