Gugu esquece promessa de qualidade, aposta em anão, recupera a audiência e bate Faustão
Mauricio Stycer
17/03/2013 19h51
"Aprendi com o tempo que é melhor ter a consciência de estar fazendo o melhor do que se martirizar olhando os números", disse o apresentador. "Como sempre disse, audiência não é o mais importante. Temos de pensar primeiro em fazer um bom programa", afirmou o diretor.
Em 24 de fevereiro, o programa apresentou algumas "novidades" no esforço de levantar a audiência. De olho no público jovem, o apresentador trocou o paletó por uma camisa polo e aderiu ao Instagram. Também estreou neste dia um "Desafio Musical", versão do "Qual é a Música", exibido por muitos anos no SBT. O Ibope, porém, não correspondeu: Gugu perdeu para Eliana por 6,8 a 5,9 pontos. A Globo marcou 12,9.
Nos dois domingos seguintes, Gugu insistiu nas novidades (camisa polo e "Desafio Musical"), mas sem sucesso. No dia 10 de março, a derrota para Eliana foi ainda mais feia: 8 a 5. Em entrevista à "Folha", o vice-presidente comercial da Record, Walter Zagari prometia: "A meta é que ele volte a marcar dez pontos. Gugu vai conseguir". Mas como?
Neste domingo, todas as promessas e convicções foram deixadas de lado e Gugu veio com uma espécie de "bomba atômica". Por mais de 90 minutos, o programa explorou a situação de um anão.
Marquinho, o assistente de palco do programa "Balanço Geral", de Geraldo Luis, foi o personagem do programa. Gugu mostrou a casa simples onde vive, apresentou a sua mulher, também anã, entrevistou sua mãe e mostrou o pai, que ele não via há anos.
O anão foi submetido às mais variadas pegadinhas durante o programa. Naturalmente, chorou várias vezes e ajudou, com a sua história triste, a tirar a audiência do "Programa do Gugu" do limbo. Dados preliminares indicam que a atração registrou 11.7 pontos de média (chegou a picos de 21 pontos) contra 8,6 do SBT e 12,8 da Globo. Pela primeira vez no ano, ficou em segundo lugar.
A nova casa do anão, prometida por Gugu, será entregue na semana que vem.
Em tempo: No confronto com Faustao das 18h às 19h30, Gugu ganhou de 16 a 11 (e 8 do SBT). No momento do pico, de 21 pontos, a Globo registrou 11 e o SBT 5. Foi a maior vitoria da história do Gugu sobre Faustão.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.