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Novelão “Downton Abbey” ganha exibição em sequência no GNT

Mauricio Stycer

04/04/2013 14h38

Para quem reclama da programação da TV paga, a estreia de "Downton Abbey" esta noite, às 22h30, no GNT, é uma boa notícia. O canal promete exibir semanalmente, em sequência, as primeiras três temporadas.

Em maio de 2012, o canal Globosat havia exibido a primeira temporada, mas não mostrou o que foi produzido depois. Sucesso na Inglaterra, onde é produzido e se passa a história, "Downton Abbey" é exibido nos Estados Unidos pelo canal público PBS.

O seriado conta a história de uma família de nobres ingleses e de seus criados, a partir de 1912. Além da descrição do mundo de aparências e interesses dos ricos, um dos aspectos mais interessantes do programa é o retrato minucioso, quase obsessivo, do cotidiano no "andar de baixo" da propriedade.

O seriado foi desenvolvido por Julian Fellowes a partir de uma ideia presente no filme "Assassinato em Gosford Park", cujo roteiro é de sua autoria e foi premiado com o Oscar. O filme de Robert Altman se passa em 1932 e retrata um fim de semana numa luxuosa propriedade inglesa, por onde circulam nobres ingleses, milionários americanos e um exército de serviçais que obedece a uma rígida hierarquia.

Em janeiro, na véspera do Emmy, escrevi na "Folha" o texto Novelão inglês, do qual reproduzo um trecho.

A rigor, nem há vilões em "Downton Abbey". Alguns personagens cometem maldades e pequenos crimes, é verdade, mas a proposta principal do novelão inglês é expor os pequenos dramas do dia a dia de personagens submetidos a distinções muito explícitas tanto em termos de origem social quanto de gênero.

O entendimento é facilitado por uma direção muito convencional, sempre sublinhando olhares e gestos, bem como por uma trilha sonora óbvia, que funciona como muleta irritante.

Por outro lado, além do ótimo tema, o seriado tem texto inteligente, repleto de sarcasmo e ironia, produção de encher os olhos, com externas num castelo verdadeiro, figurinos incríveis e um elenco de primeira, no qual se destaca Maggie Smith, no papel da condessa viúva (foto), mãe de lorde Grantham.

Com essas qualidades e defeitos visíveis, "Downton Abbey" ensina por que o melodrama permanece como gênero imbatível na TV. O seriado já foi vendido para mais de cem países e uma quarta temporada está garantida.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.