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Na estreia de Adnet, Tais Araujo ganha as melhores piadas de "O Dentista Mascarado"

Mauricio Stycer

06/04/2013 11h17

Emplacando um seriado por ano na Globo, Alexandre Machado e Fernanda Young conseguiram apresentar em 2013 um programa mais bem estruturado e menos descartável que os últimos três ("Separação?!", "Macho Man" e "Como Aproveitar o Fim do Mundo"). Essa é a boa notícia.

A má, ao menos pelo que se viu na estreia de "O Dentista Mascarado", é que ainda não foi desta vez que a dupla conseguiu fazer o público gargalhar e, de quebra, refletir, como nos bons tempos de "Os Normais".

É preciso, em todo caso, dar um desconto. A necessidade de apresentar os personagens, comum em episódios de estreia, pode ter contribuído para retirar parte do impacto cômico de "O Dentista Mascarado".

Muitas frases de efeito, piadas grosseiras, ritmo acelerado e duas ou três boas ideias são o saldo desta estreia. Tais Araujo, no papel de Sheila, a vigarista que engana o dentista Adalberto Paladino (Marcelo Adnet) e seu amigo, o protético Sergio (Leandro Hassum), ganhou as melhores tiradas.

"Os otários mais otários da historia do otarismo", disse a personagem ao ludibriar os dois amigos. Em outro momento, questionada sobre o que fez com o gás hilariante (usado como anestésico) que roubou do consultório, explicou que o vendeu para comediantes que não têm feito muito sucesso em seus espetáculos de stand up.

Os próximos episódios se desenvolverão a partir do bordão enunciado por Paladino para os parceiros Sergio e Sheila: "De dia combatemos as cáries, de noite combatemos os crimes". Tenho a impressão que o seriado pode ir bem além do que mostrou na noite de sexta-feira. Além do trio principal, Otavio Augusto, no papel de pai do dentista, e Diogo Vilella, como delegado, ainda tem muito para fazer.

Diante do circo armado pela Globo em torno da estreia de Adnet, qualquer coisa que ele fizesse no seriado não estaria à altura da expectativa criada. Nas últimas semanas, o comediante foi paparicado em atrações como "Faustão", "Fantástico", "Video Show", "Fátima Bernardes", bem como na festa de lançamento da programação 2013.

Para o bem e para o mal, Adnet estreou na Globo amarrado a um roteiro de seriado da dupla Young e Machado, não a um esquete de humor de sua autoria. O seu Paladino é um bom personagem e ele parece à vontade no papel. Mas, mesmo sendo o protagonista, é uma estrela coadjuvante, cujo talento e criatividade encontraram muitos limites para aparecer no primeiro episódio.

"Basicamente, os nossos trabalhos se caracterizam por um ritmo muito forte, uma contundência na piada. A gente não faz humor para sorrir, mas para que as pessoas gargalhem", prometeu o diretor Jose Alvarenga antes da estreia. Para alcançar o seu objetivo, como muitos espectadores observaram, só com auxílio de gás hilariante.

Atualizado em 8/3, às 13h30: "Dentista Mascarado" marcou 17 pontos no Ibope. O resultado foi considerado bom ou excelente por diversos blogs. A título de comparação, em 30 de março de 2012, no mesmo horário, "Casseta & Planeta Vai Fundo" estreou marcando 15 pontos. Foi o melhor resultado da atração. A audiência caiu para 12 no final da primeira temporada, em junho, e chegou a 10, no último episódio da segunda temporada, em dezembro.

Este texto foi originalmente publicado aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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