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Marcelo Tas diz que “CQC” é “ético” e “não faz qualquer coisa”

Mauricio Stycer

16/04/2013 13h35

Só hoje consegui assistir a longa entrevista que Marcelo Tas deu a João Doria Jr, exibida no programa "Show Business", na Band, na madrugada de domingo (14). Em defesa do "CQC" o apresentador disse que o programa tem "ética" e que "não faz qualquer coisa".

Tas não fez qualquer referência, até porque não foi questionado, à polêmica entrevista feita com José Genoíno (PT-SP), na qual o "CQC" enganou o deputado, enviando um ator-mirim, acompanhado por seu pai, para procurá-lo em seu gabinete.

A questão apareceu quando Tas defendeu o uso do humor como ferramenta de aproximação dos políticos no "CQC": "O humor é muito importante para qualquer profissão. O humor aproxima. Por quê? Porque você meio que se desarma. Você deixa a pessoa se aproximar. E é no humor que a gente procura se aproximar do jornalismo, dos líderes, que a gente trata com irreverência, mas ao mesmo tempo com uma ética, que o programa tem. A gente não faz qualquer coisa."

Chamado por Doria de "curador" do conteúdo exibido no programa, Tas rejeitou o rótulo, dizendo que as decisões são tomadas por um "colegiado" do qual é apenas um integrante.

O apresentador defendeu a ideia de que os políticos deveriam falar com o "CQC" porque o programa atinge os jovens. "Hoje, até os que a gente critica, como o meu querido deputado Paulo Maluf, sabe que o 'CQC' é um veículo para ele se ligar com os jovens. O 'CQC' é uma plataforma onde ele, bem ou mal, sendo criticado ou não, atinge o seu eleitorado."

Em outro momento, Tas voltou a explicar por que o programa dá tanto espaço para figuras como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ): "Quando a gente deu visibilidade ao Bolsonaro a gente foi muito criticado. A gente tem que provocar esse debate. Se a gente não expõe a gente está achando que ninguém no Brasil é reacionário, ninguém é racista, ninguém é homofóbico. Quando a gente expõe, a gente debate".

O apresentador, por outro lado, criticou o recurso a golpes baixos para conseguir Ibope. "Esses truques de audiência parecem, às vezes, eficientes, mas duram pouco. Anões estão povoando alguns programas de televisão. Isso é uma pista falsa."

Segundo Tas, o segredo é surpreender o público. "Como fazer isso é o grande mistério. Você tem que ver quem é campeão de audiência há muito tempo, como William Shakespeare. O que o cara faz? O cara toca o coração das pessoas. O cara faz as pessoas rirem e chorarem."

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.