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Novo diretor da Globo diz que “não deve haver divisão interna entre jornalismo e entretenimento”

Mauricio Stycer

17/04/2013 18h26

Numa entrevista ao jornal especializado "Meio & Mensagem", Carlos Henrique Schroder, novo diretor-geral da Globo, disse que uma das marcas de sua gestão será a integração das áreas de jornalismo, entretenimento e programação.

"Deixamos de assinar os programas com a palavra Central. O programa agora é Globo. Não importa se é um produto do jornalismo, do entretenimento, um filme. O conceito tem de ser: um produto Globo", disse à jornalista Regina Augusto, em sua primeira entrevista a um veículo de mídia desde que assumiu o cargo em janeiro.

"Nossa discussão nos levou à conclusão que não deve haver divisão interna entre jornalismo e entretenimento", diz. Isso passou a ser uma diretriz?, pergunta a repórter. "Sim, isso é uma diretriz."

Em outro trecho, Schroder explica melhor: "Se nós começarmos a criar divisões internas, isso só prejudica. A minha ideia é colocar o produto em primeiro lugar, quebrar muros. Se temos que decidir o que vai ser exibido em determinado horário, discutimos quem vai resolver melhor o problema colocado e pode ser tanto o jornalismo quanto o entretenimento. O critério é quem tem mais capacidade para resolver cada questão para entregar o melhor resultado no ar."

Em outro ponto importante da entrevista, Schroder explica porque considera justificável o fato de a Globo deter cerca de 65% das verbas de publicidade embora a sua audiência esteja em queda e represente não mais do que 50% do total. Segundo o diretor-geral, existe uma pulverização muito grande de canais, enquanto a Globo, na sua visão, "ainda consegue ter uma conversa com o país".

Em outras palavras, o raciocínio de Schroder é: "Do ponto de vista do mercado publicitário, se eu tiver de substituir a Globo por outros veículos, vou ter de fazer uma série de investimentos em muitas outras opções e precisarei de algumas semanas para alcançar esse público que na Globo eu alcanço em apenas um dia."

A entrevista ocupa três páginas da edição impressa com data de 15 de abril e não está disponível online.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.