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Duas lições de “Friends”

Mauricio Stycer

18/04/2013 16h01

Esta semana circularam boatos sobre uma eventual volta do seriado "Friends". A história, porém, morreu logo. Uma das autoras, Marta Kauffman, foi enfática no desmentido: "Vou ser clara. Não, isso não vai acontecer". A NBC, responsável pela série, também negou.

Eis a primeira lição: o tempo passa. Ainda bem que a série não vai voltar. Rever velhos episódios de "Friends" pode até ser divertido, mas não faz sentido nenhum, em 2013, recolocar em cena uma turma que fez enorme sucesso na televisão por mais de dez anos, entre 1994 e 2004, falando da amizade no início da vida adulta. Tinha tudo para dar errado.

Por coincidência, eu tinha acabado de ler um livro que conta a história do nascimento de "Friends", em 1994. Chama-se "Top of the Rock" (não foi traduzido para o português) e é de autoria de Warren Littlefield, que presidiu a área de entretenimento da rede NBC entre 1991 e 1998. Neste período, foram produzidas, além de "Friends", as séries "Frasier", "Seinfeld", "ER", "Mad About You" e "Will & Grace", entre outras.

David Schwimmer (que fez o personagem Ross) era um dos mais experientes entre os seis atores selecionados para o elenco. Quando "Friends" se tornou um sucesso, já na segunda temporada, todos esperavam que ele pedisse um aumento no valor que recebia por episódio para a temporada seguinte.

Schwimmer conta no livro que teve uma ideia. Em vez de seguir o conselho do seu empresário e reivindicar um aumento, ele sugeriu que os seis integrantes fizessem o pedido em conjunto. "Vamos pedir para ganhar a mesma coisa", propôs. "Viramos um mini-sindicato", conta o ator.

A proposta foi aprovada. E deu certo. Reza a lenda que, na época, eles passaram a ganhar US$ 100 mil por episódio, mais participação nas vendas da série. Na última temporada, em 2004, eles ganharam US$ 1 milhão por episódio.

Leia também: "Televisão não é ciência", no qual conto outras histórias deste período de ouro da NBC.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.