Topo

Jô critica talento “mediúnico” de Galvão Bueno

Mauricio Stycer

04/05/2013 17h58

A pretexto das comemorações dos dez anos do programa "Bem Amigos", do SporTV, Jô Soares dedicou os três blocos de seu talk show de sexta-feira (03) a uma entrevista com Galvão Bueno. Acompanhado de Arnaldo Cezar Coelho, o narrador falou muito de sua parceria e amizade com o comentarista de arbitragem, reviu momentos de sua carreira e explicou a sua técnica.

O melhor momento da conversa ocorreu quando Jô, com muito jeito, disse que tinha "uma crítica" a fazer a Galvão. Reproduzo o diálogo:

: Tem uma coisa que me incomoda quando você está narrando um jogo ou uma corrida de Fórmula 1. Nem sei se devo dizer isso.
Galvão: Você pode falar.
: É o seguinte. Quando você narra o que o jogador ou o piloto estão pensando. Isso me dá um nervoso. 'Ah, ele agora tá pensando: na próxima curva pego ele'. Como é que ele sabe que ele tá pensando isso??? (risos).
Galvão: Você tem que tentar passar para o telespectador… Você não pode pretender ser mais importante do que a imagem. Senão você cai no ridículo, evidentemente. Mas você tem que tentar trazer uma informação paralela.
: Mas o que o cara tá pensando? É mediúnico?
Galvão: A experiência… É você tem razão.
(aplausos do público).

Um pouco antes, em resposta a uma pergunta de Paulo Soares, da ESPN, Galvão definiu assim o seu ofício: "Eu sou um vendedor de emoções. O esporte é basicamente emoção. É o meu produto. Eu tento vendê-lo da melhor forma possível. Narrar é andar no fio da navalha. Usar tudo que você puder para passar emoção ao espectador sem faltar com a verdade dos fatos, a realidade. Para isso, você precisa se preparar, precisa fazer a lição de casa. Cada jogo é uma história."

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.