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Diretor de “Amor à Vida” volta a levantar discussão sobre plágio em suas novelas

Mauricio Stycer

21/05/2013 13h02

Assim como fez na cena da morte de Salomão Hayala em "O Astro", inteiramente calcada em uma passagem do filme "Watchmen", Mauro Mendonça Filho não teve pudor algum em refazer uma passagem inteira de "O Expresso da Meia-Noite" no primeiro capítulo de "Amor à Vida".

A cópia foi notada por muitos espectadores no Twitter. A prisão do personagem Ninho (Juliano Cazarré) na pista do aeroporto na Bolívia é idêntica à que ocorre no célebre filme de Allan Parker, de 1978, que descreve o calvário do americano Bill Hayes, preso na Turquia com drogas. Há semelhanças em toda a cena, desde a ida ao banheiro até a prisão na pista, passando pela sequência no detector de metais e no pedido para que a namorada entrasse no avião.

Quando a cópia a "Watchmen" foi observada, em 2011, questionei Mendonça, que assim justificou o seu ato:

Existe uma enorme cadeia de referências, que vão se repetindo, às vezes invisíveis, às vezes não, em todo o audiovisual. É lógico, que sim. Não tenho o menor problema em dizer isso. Acho uma baita hipocrisia essa patrulha da originalidade. E na escrita, o mesmo. Você percebe o estilo de Moliére em Ariano Suassuna. Qual jornalista pop não bebeu em Hunter Thompson? O aclamado "Kill Bill" (de Quentin Tarantino), que é um baita filme. É todo igual ao origianl do Bruce Lee. Até o macacão amarelo é igual.

A discussão é boa. Plágio ou referência? É necessário dar crédito? O espectador que não conhece a "referência" deve ser advertido de que não está vendo algo original? Veja abaixo o trecho do filme em versão dublada e aqui a cena da novela (é o 14º trecho).

 

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.