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"Sangue Bom" diverte com citação esperta a "Avenida Brasil"

Mauricio Stycer

02/08/2013 05h01

O melhor de "Sangue Bom" nesta quinta-feira (01) foi uma cena rápida, sem importância alguma para o desenrolar da trama. Deitada na cama de Barbara Ellen (Giulia Gam), sua empregada, Tina (Ingrid Guimarães), cochila e sonha que está protagonizando uma cena de "Avenida Brasil". Não uma cena qualquer, mas uma das mais marcantes, aquela em que Nina (Debora Falabella) começa a viver a sua vingança e obriga Carminha (Adriana Esteves) a servi-la à mesa.

Esta não foi a primeira referência a "Avenida Brasil" por conta desta trama. Tina quer se vingar de Barbara porque Vitinho (Rodrigo Lopez) a abandonou no altar duas vezes depois ter ficado traumatizado ao ser também abandonado no altar pela atriz, no passado. Em seu desejo de vingança, Tina infiltrou-se como empregada na casa.

Num capítulo, Bárbara até se deu conta da semelhança da situação que está vivendo com a novela João Emanuel Carneiro. Ao ameçar demitir a empregada, disse: "Até o nome Tina parece com o da outra, a Nina! Que entrou na casa do Tufão e conquistou a família pelo estômago, só pra se vingar depois!". Seu filho Kevin (Marcus Rigonatti) respondeu: "Deixa a Tina ficar! Em 'Avenida Brasil', a Nina só começou a vingança depois do capítulo cem!", pede.

No sonho exibido nesta quinta-feira, Tina repete uma das frases que fizeram a fama de "Avenida Brasil": "Me serve, vadia!", ela diz a Barbara Ellen. Depois joga terra no chão e manda: "Vai, quero ver tudo brilhando! Limpa com a língua!". E por fim, antes de acordar gargalhando, obriga a patroa a comer um prato de macarrão com salsichas e joga a comida na cara da diva.

Uma novela falar de outra novela não constitui novidade. Silvio de Abreu é lembrado por sempre fazer homenagens a outros colegas em suas tramas. Em "Sangue Bom", Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari já fizeram citações também, uma delas a "Cheias de Charme", como escrevi na ocasião. Bem-humorada, inteligente e crítica, a novela da dupla lembra que é possivel fazer entretenimento de qualidade sem subestimar a inteligência do público.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.