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Silvio Santos é um enigma, mas fim do “Casos de Família” faz sentido

Mauricio Stycer

28/08/2013 11h56

Recém-chegado de uma temporada de férias, Silvio Santos está promovendo uma série de mudanças na grade do SBT. Já se sabe que decidiu pela alteração do horário do próprio programa, aos domingos, afetando desta forma as atrações comandadas por Celso Portiolli e Eliana. Outra novidade, ao menos no próximo domingo (01), será a exibição do "Conexão Repórter". Também foi anunciado o cancelamento do "Casos de Família", cuja estreia em novo horário, quartas, às 23h, ocorreu há apenas uma semana.

Fala-se, ainda, na volta à programação da novela "Carrossel", cuja reprise chegou a ser anunciada e cancelada em dois dias, e também no regresso de "Rebelde", a "original", exibida entre 2005 e 2006. Vão se juntar a "Marimar, "Cuidado com o Anjo", "Rubi" e "O Privilégio de Amar", que já preenchem boa parte da grade vespertina da emissora. Nas contas do blog de Leandro Sarubo, a se confirmarem as novas reprises, o SBT vai exibir mais novelas velhas do que o canal pago Viva, cuja especialidade é justamente esta.

Agindo de forma errática, sem dar satisfações públicas, Silvio Santos é um enigma difícil de decifrar. O SBT está completando 32 anos. Por muito tempo reinou na "liderança absoluta do segundo lugar". Hoje luta para retomar o posto, conquistado pela Record.

De todas as recentes decisões, o fim do "Casos de Família", caso termine mesmo, me parece a mais compreensível. O show de horror comandado por Christina Rocha não combina hoje com a programação cada vez mais "família" do SBT. Dá audiência, mas não atrai publicidade. Seja no horário vespertino, que ocupou por um bom tempo, seja no fim de noite, onde ficou por uma semana, o programa tem muito mais a cara da Record ou da RedeTV!.

A apresentadora, aliás, tinha consciência disso. Em entrevista ao jornal "Agora", na véspera da estreia da versão noturna, ela observou: "Adoram falar mal de um programa popular. Se fosse em outro canal, seria 'cult'. Essa é uma atração sobre a vida real. Se é baixaria, então ela é universal, pois todos temos problemas como os dos convidados. A diferença é que eles não têm o que perder com a exposição".

Mas, como se trata de Silvio Santos, não dá para apostar em nada. Quem sabe, semana que vem, "Casos de Família" volte à grade do SBT durante as manhãs.

Em tempo: As mudanças recentes na grade levaram um grupo de fãs da emissora, que mantém um site sobre o SBT, a publicar um manifesto em protesto. Vale a leitura: AQUI.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.