Em livro, Silvio de Abreu justifica por que suas vilãs tiveram finais felizes
Definido por seu autor, Raphael Scire, como uma "homenagem" a Silvio de Abreu, o livro "Crimes no Horário Nobre" (Giostri, 372 págs., R$ 60) revê a trajetória e a obra de um dos mais importantes novelistas do país.
Numa das passagens mais interessantes, Silvio explica por que contrariou o público e decidiu dar finais felizes a duas vilãs de novelas suas, Bia Falcão (Fernanda Montenegro), de "Belíssima" (2005), e Clara (Mariana Ximenes, foto), de "Passione" (2010): "Não adianta eu fazer com que a Bia Falcão seja castigada para fazer a catarse do público, e ele achar que vive em um país maravilhoso, se a sociedade continua sendo hipócrita".
Em outras palavras, o novelista vê uma espécie de papel educativo no triunfo do vilão: "Ao fazer a catarse – mocinho é recompensado e bandido é castigado – não deixamos o espectador pensar. Quando o contrariamos, ele fica discutindo: por que o vilão foi solto?"
Para fãs e estudiosos, o livro traz descrições detalhadas de cada uma das 16 novelas que Silvio escreveu, desde "Éramos Seis" (1977), na TV Tupi, até o remake de "Guerra dos Sexos" (2012), na Globo.
"Crimes no Horário Nobre" é a segunda biografia de Silvio de Abreu. A primeira, "Um Homem de Sorte" (Imprensa Oficial), de Vilmar Ledesma, foi publicada em 2007. Scire atualiza o trabalho anterior e acrescenta inúmeros depoimentos de atores, diretores e autores que trabalharam com Silvio, todos enaltecendo qualidades do autor.
Scire considera que o seu biografado "revolucionou as telenovelas" com a versão original de "Guerra dos Sexos" (1983), e "A Próxima Vítima" (1995). Não a toa, são os trabalhos descritos com mais detalhe no livro.
"Crimes no Horário Nobre" relata os desentendimentos de Silvio com Regis Cardoso, diretor de "Pecado Rasgado" (1978), a primeira novela do autor na Globo, e com Paulo Autran, que deu declarações depreciando o gênero das telenovelas enquanto atuava em "Sassaricando" (1987).
Também trata das novelas que não deram tão certo quanto o autor esperava. Caso de "Deus nos Acuda" (1992), "As Filhas da Mãe" (2001), encurtada por causa da baixa audiência, e de "Rainha da Sucata" (1990), atualmente sendo reprisada pelo canal pago Viva (foto): "A audiência era boa, o público parecia se divertir, mas ninguém comentava. E eu sou de opinião de que novela deve ser como catapora, precisa pegar", diz Silvio.
Curiosamente, Silvio não aceita considerar como insucesso uma novela que claramente não pegou, o remake de "Guerra dos Sexos" (2012): "É ridículo cobrar de uma novela das sete que só pretende divertir um posicionamento intelectual com relação ao que quer que seja. Como artista não sou obrigado a passar mensagem ou a educar a plateia. Meu único objetivo é entretar as pessoas".
Em tempo: uma entrevista de Silvio de Abreu ao UOL sobre o livro e a sua carreira pode ser vista aqui.
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