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A cena da semana: "Desexplode, Dondinha!"

Mauricio Stycer

07/09/2013 05h01

A aguardada explosão de Dona Redonda, uma das personagens mais interessantes de "Saramandaia", foi ao ar na última quinta-feira (05). Será uma cena lembrada não apenas pela impressionante qualidade, do ponto de vista técnico, mas também como um dos acertos de Ricardo Linhares na releitura que fez da novela originalmente escrita por Dias Gomes, em 1976.

Como o autor lembrou em entrevista a "O Globo", Dona Redonda ganhou uma nova dimensão no remake. Na trama original, vivida por Wilza Carla, a personagem explodia no capítulo 26. "Redonda não tinha importância na trama. Passava diversos capítulos sem aparecer. Eu adiei o big-bang para a reta final para curtir ao máximo a personagem", disse.

Na nova versão, a personagem, vivida por Vera Holtz, ganhou várias nuances. De um lado, teve o direito de viver o seu prazer pela comida na plenitude. "Não gosto desse 'patrulhismo desengordativo'",brincou o autor. O caráter conservador, do ponto de vista político, de Dona Redonda também foi bem explicitado. "É reacionária e 'mau-caratista'. Sempre perseguiu e ridicularizou os outros. E agora prova do próprio veneno. Passou a ser discriminada".

Linhares reforçou, ainda, a paixão do marido, Encolheu (Matheus Nachtergaele), pela mulher. Ele nunca acreditou que a mulher pudesse explodir, como previa Gibão (Sergio Guizé), e sentia grande amor e atração sexual por ela. Num dos momentos mais fortes, depois da hecatombe, Encolheu suplica, desolado: "Desexplode, Dondinha!" Grande momento.

A cena pode ser vista aqui. E a explosão de Dona Redonda em 1976 pode ser vista aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.