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Claudio Cavalcanti deixa lição a atores: É preciso se manter com dignidade

Mauricio Stycer

01/10/2013 13h14

O ator Claudio Cavalcanti, morto no último dia 30 de setembro, aos 73 anos, deixa um trabalho póstumo, como um dos pacientes do psicanalista Theo (Zecarlos Machado) na segunda temporada de "Sessão de Terapia". Dirigida por Selton Mello, a série (imagem acima) estreia no próximo dia 7, no GNT.

Definido por Mello como "um monstro da atuação no Brasil", o ator encontrava-se afastado da televisão. Seu último papel havia sido na novela "Amor e Revolução", de Tiago Santiago, exibida pelo SBT em 2011. Em uma entrevista a "O Globo", realizada em agosto, mas publicada depois de sua morte, ele explica porque não era visto mais na TV.

Tenho tido muitos convites, mas não queria fazer participação especial em novela ou 'Malhação'. Queria voltar com algo que fosse espetacular. São 57 anos de carreira. Pode parecer cabotinismo, mas já fiz muita coisa boa. Claro que também já fiz coisas ruins. Só que agora eu devo um padrão de qualidade ao meu trabalho. Estava atrás de algo que fosse me dar orgulho e prazer de ter feito.

Em outro momento da entrevista, o repórter Zean Bravo pergunta: É difícil envelhecer na televisão? A resposta do ator:

Envelhecer é inevitável. Claro que na comparação física você perde. Mas é preciso se manter com dignidade. Acho importante um ator de determinada idade fazer papéis da idade dele. Querer parecer mais jovem é mentiroso e ridículo. Vocês nunca não vão me ver de cabelo pintado. E sempre vai ter o papel de um velho bruxo para fazer. O que não quero é forçar a barra para estar no ar ou na mídia. Tenho que me guardar. Em respeito a mim mesmo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.