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Sem falar de audiência, Netflix prevê recorde de “Orange Is the New Black”

Mauricio Stycer

22/10/2013 08h01

Todo jornalista que escreve sobre o Netflix é sempre obrigado a lembrar que o provedor e produtor de conteúdo audiovisual pela internet não divulga números de audiência.  A prática, incomum, é um dos diferenciais da empresa.

"Audiência trabalha contra a qualidade na televisão", disse Ted Sarandos, principal executivo da área de conteúdo do Netflix, em entrevista ao jornal "Los Angeles Times". "É por isso que não adoto uma convenção que considero anti-qualidade".

Para além da retórica, é preciso lembrar que o serviço dispensa informar audiência porque o seu modelo de negócios não depende de publicidade nem cobra taxa de assinantes em pacotes de TV paga.

"Se os programas que produzimos não fossem bem de audiência, não iriamos encomendar segundas temporadas", disse Sarandos em entrevista ao UOL, há duas semanas, sem dar nenhuma pista sobre números. Ele apenas repetiu, como já havia sido anunciado, que três das principais séries produzidas em 2013, "House of Cards", "Orange Is the New Black" e "Hemlock Grove", asseguraram segundas temporadas no ano que vem.

Nesta segunda-feira (21), ao divulgar o balanço do terceiro trimestre de 2013 aos acionistas, o Netflix cometeu uma rara indiscrição sobre o tema e informou que "Orange Is The New Black" vai encerrar o ano, entre as séries produzidas pela empresa, como a mais vista na história.

Ou seja, a série sobre o cotidiano da loirinha Piper Chapman (Taylor Schilling, imagem no alto) em uma prisão feminina terminará o ano com audiência superior à de "House of Cards", o seriado protagonizado por Kevin Spacey (ao lado) que deu prestígio e prêmios à empresa.

O Netflix também informou aos acionistas que já tem 31,1 milhões de assinantes nos Estados Unidos e 9,2 milhões em outros 40 países, incluindo o Brasil. E que pretende investir em 2014 o dobro dos recursos gastos este ano com produção própria.

"Fomos bem, mas ainda temos um longo caminho até alcançar os 114 milhões de assinantes globais da HBO ou a sua merecida liderança em matéria de prêmios Emmy", escreveu Reed Hastings, CEO do Netflix, aos assinantes.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.