Celebridades à beira de um ataque de nervos
Mauricio Stycer
25/10/2013 05h01
Assediados de todas as formas possíveis, eles começam a dar sinais de esgotamento. A atriz, parece, refugiou-se na casa dos pais, no Paraná. Já o ator, por conta de compromissos profissionais, foi obrigado a enfrentar os jornalistas. Em São Paulo, para promover o lançamento de uma nova escova de dentes, Cauã só ouviu questionamentos sobre o fim do casamento. Sorridente, chegou a perguntar se ninguém ia perguntar nada sobre a escova. E desabafou:
"Hoje em dia a gente fica numa posição que a gente não sabe mais o que é público e o que é privado. Entendo que muita gente acha que por você ser famoso você tenha que abrir um pouco da sua vida pessoal. Eu discordo. Acho que têm momentos que só interessam a pessoas que estão participando, principalmente quando se envolve uma terceira pessoa que não tem nada a ver com isso."
Ao citar a filha, Cauã emendou um raciocínio difícil de entender, associando o interesse da mídia pela sua vida conjugal com a infame cobertura de um caso policial na década de 90. "Eu fico triste de ver quando tem uma criança envolvida. De certa forma, isso acaba sendo perigoso. Alguns devem se lembrar do caso da Escola Base, que falaram, falaram e deu no que deu. Então eu peço respeito, mas esse assunto é meu. É privado e eu não vou falar sobre isso".
Os donos da Escola Base foram envolvidos numa acusação de abuso sexual de crianças que se revelou falsa por conta de uma investigação policial mal feita e cobertura jornalística leviana. O que isso tem a ver com o fim do casamento de Cauã?
"Estou cortando dobrado para desmentir imprensa de merda que reproduz notas mentirosas afirmando que estou com dificuldades de largar o vício do cigarro. Parei de fumar há 3 meses. Falta nenhuma de cigarro e muita felicidade! Ridículos!!! Não acreditem em tudo que vocês leem!!!"
"Vocês notaram o numero de noticias falsas e inventadas em torno da minha novela e de mim? Depois me agridem, falam horrores.Como me defender?"
Cada um à sua maneira, Cauã, Alinne e Carrasco estão fazendo a mesma pergunta: como se proteger do mau jornalismo? É uma preocupação justa. Tenho a maior simpatia pelos dois atores que reclamam de invasão de privacidade. Mesmo sendo figuras públicas, concordo que há limites a respeitar.
O problema é a forma que encontraram para reagir. Cauã fez uma comparação estapafúrdia, ao relacionar o seu drama com o das vítimas da cobertura do caso Escola Base. Alinne, pelo que entendi, perdeu a compostura por causa de uma bobagem. E Carrasco posa de vítima junto ao público, sem esclarecer que o vazamento de informações sobre "Amor à Vida" parte de dentro da própria empresa onde trabalha.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.