“Domingo da Gente” transforma vida de Ticiane Pinheiro em novela
Mauricio Stycer
18/11/2013 05h01
Depois de uma estreia decepcionante no Ibope, nesta sua segunda edição o "Domingo da Gente" ficou à frente do SBT e, durante cinco minutos, chegou a liderar a audiência, batendo a Globo.
A principal (ou única) novidade da atração é o rodízio de apresentadores que promove. Na estreia, quando ficou em terceiro lugar, o programa foi comandado por Adriane Galisteu. Esta semana, quem ficou à frente das câmeras foi Ticiane Pinheiro.
A Record tem razão em festejar o resultado do "Domingo da Gente", mas observo que muita gente está festejando pelo motivo errado. Não foi uma vitória de Ticiane sobre Galisteu, mas sim o triunfo da exposição da intimidade da jovem apresentadora.
Um primeiro segmento pessoal, de 25 minutos, mostrou o cotidiano de Ticiane, o que incluiu uma viagem com a filha Rafa ("queridinha da mídia de celebridades") para a Praia do Forte (BA), uma ida à academia de ginástica, uma visita ao salão de beleza e a participação em uma festa infantil. "Vocês conheceram um pouquinho da minha rotina", disse antes de confessar: "Meu grande sonho é ter um programa só meu. Pessoalmente, é encontrar alguém, casar e formar uma família"
O coração do programa foi a participação do ex-marido. Justus ficou por mais de uma hora no palco. Anunciado por ela como "grande empresário, publicitário, apresentador, gato, gostoso, meu superamigo, pai da minha filha, meu ex-marido", ele primeiro protagonizou um quadro que imita a brincadeira do chapéu, de Raul Gil.
Em vez de tirar ou colocar o chapéu, dez nomes foram submetidos à apreciação de Justus para ele dizer quem merecia uma bola dentro ou fora do gol. Em um segundo quadro com a sua presença, ele pedia para Ticiane associar dez pessoas a frases escritas num quadro.
Em meio às brincadeiras, o ex-casal trocava confidências. "Ela é cara", contou Justus, quando a ex-mulher falou que pretende arrumar um namorado. "Cara nada. Só quero amor. E tô bem facinha", ela respondeu. "Tá nada. Sei que você está escolhendo", disse ele.
Até a atual namorada do publicitário foi tema do programa. Ticiane precisou escolher uma frase para ela. E disse: "Tanto eu como você (Justus) merecemos ser felizes. Mesmo que não sejamos juntos. Espero que você (a namorada) faça do Roberto um homem muito feliz".
Em resumo, não é que o "Domingo da Gente" tenha sido espetacular. Foi a transformação da apresentadora em personagem de uma novela da vida real que certamente deu o impulso que o programa precisava para decolar.
O programa se encerrou com uma guerra de tortas na cara entre a apresentadora e seu amigo Otavio Mesquita.
Audiência: O "Domingo da Gente" registrou média de 8 pontos, com pico de 11, em São Paulo. O SBT marcou 6 pontos no mesmo período de exibição. Durante 5 minutos, ficou em primeiro lugar, à frente da Globo.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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