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“Aprendiz” com menor Ibope tem pegadinha ética e bronca pesada de Justus

Mauricio Stycer

22/11/2013 05h01

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Uma das melhores edições do "Aprendiz" tem sofrido com a baixa audiência. Há duas semanas, na terça, dia 5, o programa da Record chegou a marcar 3 pontos. Esta quarta (20), no episódio de maior repercussão em muito tempo, o Ibope registrou 5 pontos – um número pequeno diante do barulho oferecido ao público.

Especula-se muito sobre as razões do insucesso do reality. O horário tardio e a baixa audiência da atração que a antecede, a novela "Pecado Mortal", são explicações possíveis. Outra seria o cansaço do público com o formato.

Quem assistiu ao último episódio não teve motivos para reclamar. A ação que um dos grupos precisava desenvolver – a promoção de uma marca de cerveja na praia de Ipanema – incluiu uma "pegadinha" destinada a testar o comportamento ético dos participantes. Um garoto de 17 anos foi colocado no local pela produção com o objetivo de ver se ganharia cerveja, o que é proibido por lei.

aprendizevandro2O candidato Evandro Banzato foi filmado falando com o rapaz: "Se você pegar um táxi, eu te ponho a cerveja dentro do táxi". A cena levou o apresentador Roberto Justus a decidir por sua demissão sem nem mesmo discutir o desempenho do grupo na sala de reuniões, como ocorre sempre.

Justus foi duríssimo: "Você é um cara decente, sei quem você é, mas neste programa você fez algo que é intolerável, inaceitável. Não vou nem esperar a segunda parte da sala. Você mesmo se tirou daqui com esta ação. Você está demitido."

Evandro argumentou que o apresentador estava sendo "injusto", levando Justus a elevar o tom de voz: "Você acha isso? Deixa o Brasil julgar. Quando você fala para um jovem de 17 anos 'traz um táxi pra cá que eu coloco a cerveja', você está corrompendo este jovem, você está dando um mau exemplo pra esse jovem e pro meu cliente."

Evandro suplicou: "Eu não corrompi esse jovem, eu não corrompi a marca Itaipava". E, chorando, disse: "Sou um empresário, sou um homem público, a maneira como estou saindo do programa… Você não viu um décimo do que tenho feito. Você não avaliou um milésimo do que foi a minha vida pra cá. Você não foi justo comigo. Isso é um trecho mínimo. É algo completamente sem dolo."

Justus replicou: "Você cometeu um erro. Você não roubou ninguém, você não é ladrão, não pegou dinheiro de ninguém. Agora, um erro como esse, um deslize como esse, de tentar vender bebida alcoólica para menor, merece sim ser punido desta forma."

Veja abaixo um trecho da discussão:
 

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.