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Boa iniciativa, “Nova Família Trapo” sofre com elenco fraco

Mauricio Stycer

02/12/2013 17h21

novafamiliatrapo

Como muitos outros programas realizados nos anos 60, cujos registros se perderam por causa de incêndios, arquivos mal organizados ou falta de cuidados básicos, "Família Trapo" sobrevive na memória dos mais velhos como uma das grandes comédias da história da TV.

Ainda que a atual administração da Record tenha sido econômica nos festejos dos 60 anos da emissora, a homenagem a este programa lendário, na forma de um especial exibido este domingo (01), merece ser saudada como muito bem-vinda.

Ainda mais por que o especial "A Nova Família Trapo" pode ter sido o ensaio para o lançamento, em 2014, de um programa mais ambicioso com este mesmo nome, o que seria uma ótima notícia.

A boa iniciativa da Record esbarrou, porém, numa dificuldade básica: falta de elenco à altura do desafio. Com exceção de Kátia Moraes, no papel da empregada Benigna, não fui capaz de enxergar desenvoltura para a comédia nos principais nomes do elenco. A boa vontade e a entrega de Raul Gazolla, Cacau Mello e Bárbara Borges são nítidas, mas não o suficiente para produzir riso. Rafael Cortez, como sempre, exala simpatia, mas ainda está longe de poder ser chamado de ator.

familiatrapooriginal1Comédia gravada com público em teatro exige profissionais com uma certa aptidão para a tarefa – o que, segundo quem assistiu, não era problema para Ronald Golias, Jô Soares, Otello Zeloni e Renata Fronzi, da família original.

Espero que a baixa audiência do especial (6 pontos), responsável por deixar a Record em quarto lugar no horário, não desanime. Mas para que "A Nova Família Trapo" vingue na grade ainda há muito trabalho a fazer.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.