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“Junto e Misturado” retorna com aposta em humor “difícil”

Mauricio Stycer

02/12/2013 01h45

juntoemisturado

Três anos depois de sair do ar rotulado como um fracasso, "Junto e Misturado" voltou a ser exibido pela Globo no final da noite de domingo. A ambição de fazer humor de qualidade, "difícil", não mudou. Só para se ter uma ideia, todo o último bloco girou em torno de piadas sobre livros, escritores e literatura.

Crueis, mas realistas, os humoristas riram da ideia de que bons livros não tem mais lugar no cotidiano das pessoas – salvo para decorar estantes. Brincando com Elvis Presley e Jesus Cristo, foi também uma oportunidade para tripudiar de personalidades brasileiras que não gostariam de ver suas histórias relatadas em biografias.

Ainda que sem  Gregorio Duvivier e Fabio Porchat, que participaram da primeira temporada, o programa está de volta com uma turma de muita qualidade: Bruno Mazzeo, Marcelo Médici, Luis Miranda, Fabíula Nascimento, Fernanda de Freitas, Gabriela Duarte, Kiko Mascarenhas, Augusto Madeira, Débora Lamm, Letícia Isnard e Rodrigo Pandolfo.

Para quem não se lembra, "Junto e Misturado" foi exibido entre outubro e dezembro de 2010, às sextas-feiras, depois do "Globo Repórter" – a faixa horária que já há alguns anos tem sido implacável, indistintamente, com boas e más comédias.

A experiência deixou a desejar em matéria de audiência, mas foi positiva por dois motivos, pelo menos: deu espaço a uma nova geração do humor e lembrou que é possível fazer graça num registro um pouco menos óbvio e popular do que o "Zorra Total".

A aposta da Globo, porém, não foi muito longe. Em 2011, uma segunda temporada chegou a ser gravada, mas ficou guardada na gaveta. É interessante pensar por que o programa demorou três anos para voltar e mesmo assim de forma compacta, com apenas cinco episódios até o fim do ano.

Talvez "Junto e Misturado" esteja apenas tapando um buraco na programação da emissora, no fim da noite de domingo. Em todo caso, com seus erros e acertos, com suas piadas mais ou menos engraçadas, acho que este programa tem a função de mostrar que a TV aberta pode abrigar um tipo de humor que exige um pouco mais do espectador. Espero que a experiência prossiga em 2014.

Em tempo: Como seria possível imaginar, a reestreia de "Junto e Misturado" não foi bem no Ibope. O programa registrou média de 11 pontos, perdendo para o "Programa Silvio Santos", do SBT, que marcou 12. Veja mais aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.