Topo

“Pecado Mortal” diverte com ousado capítulo passado em “realidade paralela”

Mauricio Stycer

24/12/2013 05h01

pecadomortalcarlaodorotea

O que teria acontecido se o protagonista de "Pecado Mortal", em vez de ter abandonado a família e virado um hippie, tivesse assumido o lugar do pai no comando do jogo do bicho no Rio? Esta foi a premissa do capítulo de segunda-feira (23), uma espécie de "especial de Natal" oferecido por Carlos Lombardi aos espectadores da novela da Record.

O capítulo inteiro desenvolveu esta ideia, que o autor chamou de "realidade paralela". Descrevendo um sonho do protagonista, os principais personagens encarnaram papeis muito diferentes do que já vivem na trama há quase três meses. Em vez de Patricia (Simone Spoladore), Carlão (Fernando Pavão) está casado com Dorotéia (Paloma Duarte) e vive na casa da família. O corrupto Picasso (Vitor Hugo) é agora um policial exemplar. E por aí vai…

Quem perdeu o início do capítulo, quando houve a sugestão de que se tratava de um sonho de Carlão, pode não ter entendido nada — nenhum personagem se comportou ou agiu como de hábito. Segundo Lombardi, a inspiração veio do seriado "Mad Men", de Matthew Weiner, e do filme "A Felicidade Não de Compra" (1946), de Frank Capra.

Perguntei ao autor se ele se inspirou em algum episódio específico do seriado.  "Nenhum específico", disse Lombardi. "A desesperança do protagonista (Don Draper) me fez pensar em Marco Antonio amarrado a um destino que não queria  e, passando à comédia, a mulher desprezada dele virou a Patrícia pé de cana. Pavão e Simone entenderam tudo, ótimos."

Como lembrou o usuário Mich_Mode, no Twitter, uma situação semelhante também ocorreu em um episódio duplo da terceira temporada do seriado cômico "Mad About You", intitulado "Up in Smoke", exibido originalmente em 1995.

Ao final do capítulo especial de "Pecado Mortal", Carlão acorda do sonho e fica aliviado e feliz ao se dar conta de que tudo continua como antes. Ou seja, o capítulo teve a exclusiva intenção de divertir e estimular a imaginação do espectador, sem a preocupação com o desenvolvimento da história.

De fato, foi um presente do autor ao público. Uma pequena ousadia, que Lombardi talvez só tenha se permitido porque sua ótima novela está se tornando "cult", vista por um pequeno círculo de espectadores.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.