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Walcyr Carrasco enxerga “problema pessoal” em críticas objetivas à novela

Mauricio Stycer

27/12/2013 11h27

Em novembro, depois de discordar de um comentário que fiz sobre uma cena de "Amor a Vida", Walcyr Carrasco escreveu no Twitter que sou pago para criticar o trabalho dele. "Falar mal faz parte do seu contrato", ele disse. Respondi citando uma frase da crítica de teatro Barbara Heliodora: "As pessoas acham que o crítico tem prazer em escrever uma crítica dizendo que a coisa é ruim. Não. É uma tristeza".

Um mês depois, Carrasco voltou ao Twitter para comentar o meu trabalho. Agora, ele sugere que as minhas críticas à novela são motivadas por alguma questão pessoal. Ao longo de uma hora, ele tentou convencer os seus 500 mil seguidores que há algo nos meus textos além de críticas objetivas à sua novela.

Tudo começou quando, espantado com a brusca mudança no perfil do personagem Eron (Marcelo Antony), escrevi no Twitter: "Eron é outro personagem com tantas personalidades que fica difícil de acompanhar o raciocínio. Agora ele é o demo".

Mudanças bruscas de perfil têm sido uma marca dos personagens de "Amor à Vida", como já escrevi aqui no blog. O personagem Ninho (Juliano Cazarré) já alterou a sua personalidade umas cinco vezes na novela. O personagem Tales (Ricardo Tozzi) é tão confuso que nem o ator o compreende. A personagem Valdirene (Tatá Werneck) passou a novela inteira atrás de um marido rico; quando o encontrou, decidiu entrar no "BBB". Mesmo o protagonista, Felix (Mateus Solano), está sendo objeto de uma radical transformação: de vilão extremo à personagem de "Zorra Total".

O meu comentário sobre Eron motivou Carrasco a escrever, em sequência, os seguintes comentários:

1. "Fácil acompanhar as mudanças de Eron @mauriciostycer igual a vc. Era meu amigo.Comecei a ter sucesso e agora só fala mal de mim!"

2. "Fala mal de mim sim através de minha obra de forma obsessiva e mal informada. Só disse pra você compreender Eron"

3. "Você faz observações tão ridículas e sem informação que só pode ser pessoal mesmo"

4. "Não, @mauriciostycer você faz tudo pra falar mal de mim através de minha obra sem verificar a base teórica do q diz, como no caso das digitais"

5. "Então eu entendo as mudanças de Eron através de pessoas como você @mauriciostycer que atacam alguém que foi amigo quando o amigo está melhor".

6. "É muito fácil entender Eron, por ex @mauriciostycer pois toda pessoa manipulável muda e ataca até alguém de quem já gostou."

7. "Mas ok, fale o que quiser. É seu direito. @mauriciostycer Só mantenho o direito de achar o que diz ridículo. E de má vontade obvia."

8. "Vamos encerrar assim. O @mauriciostycer acha o que quiser, tá no seu direito. E eu acho que ele é maldoso e não tem dimensão da alma humana"

Repito aqui no blog o que disse ao autor da novela no Twitter: "Não falo mal de você, Walcyr Carrasco. Falo mal de 'Amor à Vida'." Com boas novelas no currículo, como "O Cravo e a Rosa" e "Chocolate com Pimenta", entre outras, Carrasco é um autor que merece respeito. Mas, infelizmente, errou a mão nesta sua primeira incursão no horário das 21h.

Quem acompanha este blog pode atestar se já falei mal, em termos pessoais, de algum autor de novelas. Lamento que Carrasco tenha levado minhas críticas para este lado, mas informo que seguirei com meu trabalho, sem me preocupar com o que pensa o autor.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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