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Grazi Massafera sofre dupla invasão de privacidade

Mauricio Stycer

15/02/2014 15h25

Quando questionados sobre invasão de privacidade, os fotógrafos que seguem as celebridades sempre argumentam que se trata do trabalho deles. Eles se defendem, também, dizendo que atuam no espaço público, não no privado.

As fotos da atriz Grazi Massafera dentro de uma igreja, rezando, constituem, neste sentido, trabalho legítimo, na visão dos paparazzi. Ela é um figura pública e, embora esteja em um momento íntimo, ocupa um espaço público.

A lógica fria e antipática do trabalho destes fotógrafos ignora, naturalmente, os sentimentos envolvidos na invasão de privacidade. Ignora também noções de civilidade, educação e bom senso.

Grazi sentiu tão profundamente o ataque que se dirigiu aos paparazzi que a aguardavam à saída da igreja nesta sexta-feira (14). Foi então que sofreu o segundo golpe: um fotógrafo gravou suas palavras, sem que ela soubesse.

Uma parte do seu depoimento, ainda que obtido indevidamente, merece ser reproduzido: "Na igreja é sacanagem da braba. Eu venho toda semana. Aí vão fazer sensacionalismo e dizer o quê? Não faz isso comigo, não. É sério. Gente, eu vou na igreja toda semana e aí vão inventar coisa. Estão inventando um monte de coisa a meu respeito. Vocês alimentam isso", disse.

O desrespeito dos fotógrafos é evidente, ainda que não ilegal. Eles estão alimentando uma indústria que compra e publica as suas fotos, inclusive aqui no UOL. Grazi foi educada ao reclamar e, mesmo assim, foi traída por um deles, que gravou suas palavras. O que mais poderia fazer? Vai parar de ir à igreja?

A atriz imaginou que poderia exigir um pouco mais de consciência destes paparazzi. Está sendo ingênua? A gravação e divulgação de suas palavras mostra que sim.

Em tempo: Em outubro de 2013, quando surgiram as primeiras notícias sobre a separação de Grazi e Cauã Reymond, o ator também fez um desabafo sobre invasão de privacidade.

"Hoje em dia a gente fica numa posição que a gente não sabe mais o que é público e o que é privado. Entendo que muita gente acha que por você ser famoso você tenha que abrir um pouco da sua vida pessoal. Eu discordo. Acho que têm momentos que só interessam a pessoas que estão participando, principalmente quando se envolve uma terceira pessoa que não tem nada a ver com isso." Na ocasião, discordei apenas quando ele associou o seu caso ao da Escola Base.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.