A novela é boa porque o Ibope subiu ou o Ibope subiu porque a novela é boa?
Mauricio Stycer
26/02/2014 12h34
"Além do Horizonte" registrou nesta segunda-feira (24) o seu melhor resultado no Ibope: 25 pontos. Para uma novela que, em seu pior momento, chegou a marcar 15, o recorde atingido este semana foi motivo de festa.
Para quem associa qualidade à audiência, esse crescimento seria um sinal de que a novela está melhorando. Entendo que esta avaliação está equivocada.
"Além do Horizonte" se apresentou, desde o primeiro capítulo, como uma trama de mistério, ambientada numa estranha comunidade no meio da floresta, protagonizada por atores jovens e alguns poucos famosos. Foi uma ousadia e tanto para o horário das 19h da Globo, normalmente palco de comédias românticas.
Os índices claudicantes de audiência nas primeiras semanas foram uma resposta imediata às dificuldades oferecidas por Marcos Bernstein e Carlos Gregório. Em consequência, falou-se em encurtamento da novela, intervenção de algum autor mais experiente, mudanças de rumo, aposta em romances e em mais humor etc.
Não vi nada disso em "Além do Horizonte". O que aconteceu, na minha opinião, foi o desenvolvimento natural da trama. Encerrada a fase de apresentação do mistério e dos conflitos, a história ganhou ritmo mais intenso naturalmente.
Pode ter ocorrido um ou outro ajuste em função da baixa audiência, o que é da natureza das novelas, mas tudo que veio depois já estava esboçado no início, inclusive os romances e o humor.
Gosto de "Além do Horizonte", cuja trama me prendeu desde o início. E fico feliz que o Ibope esteja mostrando números mais altos. Mas é sempre bom lembrar, como fez recentemente Silvio de Abreu, que "audiência não tem nada a ver com qualidade".
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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