Sem barraco, mas com “flashback” e beijo, “Em Família” sai do marasmo
Mauricio Stycer
15/04/2014 16h15
Estou entre aqueles que acham "Em Família" uma novela bem escrita, mas chata, com pouca história para contar. Não estou sozinho nessa, como se pode comprovar por dois fatores: a audiência decrescente e a baixa repercussão dos capítulos nas redes sociais.
Foi justamente em homenagem a esta parcela do público, que ainda não desistiu, mas acompanha sem entusiasmo a trama de Manoel Carlos, que o capítulo desta segunda-feira (14) exibiu duas cenas "barulhentas".
Não teve barraco ou gritaria, nem briga ao redor da mesa de jantar — "armas" utilizadas com frequência na novela anterior a essa. "Em Família" saiu da rotina, primeiro, mostrando uma lembrança de Helena (Julia Lemmertz). O "flashback" retoma uma das últimas cenas do prólogo da novela, quando as jovens Helena (Bruna Marquezine) e Neidinha (Jessica Barbosa) estão recém-chegadas ao Rio.
A cena era necessária para a exibição, um pouco depois, do grande chamariz de audiência do capítulo: o beijo da filha de Helena, Luiza, em Laerte (Gabriel Braga Nunes), dentro do carro, em frente ao prédio da família dela, no Leblon. Não houve incesto, como o "flashback" esclareceu, mas os fãs não perdoaram Luiza: "Fura-olho", gritaram para a menina no Twitter.
As duas cenas estavam previstas na novela, mas teriam sido antecipadas, segundo relatos de quem acompanha os bastidores da Globo, em função do baixo Ibope de "Em Família".
O efeito foi positivo. Segundo levantamento do TV Square, uma empresa que monitora comentários nas redes sociais, a novela nesta segunda foi o programa com mais comentários por minuto (68,4) e a atração que mais recebeu comentários (8,73% do total) no Twitter e no Facebook.
O Ibope não chegou a bater recordes, mas ajudou a levantar a novela. Em São Paulo, "Em Família" marcou 30 pontos, depois de ter registrado, no sábado, a sua pior média: 22 pontos. No Rio, a trama chegou a 35 pontos, segunda melhor marca da novela
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.