Humorista diz que “Tá no Ar” é “ligeiramente parecidíssimo” a projeto seu
Mauricio Stycer
24/05/2014 05h01
A chateação de Bianchi com as recusas aumentou muito este ano, depois que ele assistiu à estreia de "Tá no Ar", na Globo. "Criei e divulguei (em meus canais pessoais e na imprensa) projeto ligeiramente parecidíssimo três anos antes", diz o humorista, que evita falar em "plágio", mas se diz "prejudicado".
Programas com sátiras à televisão existem muitos, mas o projeto de Bianchi tinha um diferencial, na sua visão: a ideia de mostrar um espectador zapeando um aparelho de TV, enquanto assistia a quadros variados, rindo de diferentes programas, formatos e emissoras (veja abaixo o piloto produzido por Bianchi em agosto de 2011).
Adnet trabalhava na MTV em 2010 quando Bianchi apresentou o projeto à emissora. Em dezembro daquele ano, uma reportagem de meia página na "Ilustrada", da "Folha", assinada por Laura Mattos, anunciava: "Fim do 'Rock Gol' faz Bianchi apostar em sátiras à TV", na qual ele descrevia o projeto de "Descontrole Remoto". Em agosto de 2011, o mesmo jornal publicou outra grande reportagem, na qual Bianchi falava que havia terminado de gravar o piloto e iria oferecê-lo a emissoras.
Questionado pelo UOL, Marcius Melhem disse: "Nunca tomei conhecimento deste projeto. Jamais. Só soube na semana da estreia, pelo Adnet, que tinha conversado com ele. Coincidências acontecem." Ainda assim, acrescenta: "No meu julgamento, não é tão parecido".
Em defesa da ideia de que coincidências ocorrem neste terreno, Melhem lembra que, em 2002, atuou em uma peça de teatro, que ironizava o mundo da televisão, sob direção de Bruno Mazzeo, cujo título era "Descontrole Remoto", exatamente o mesmo do programa idealizado por Bianchi.
Outra coincidência, segundo Melhem: Mauricio Rizzo, ator e redator do "Tá no Ar", tem um projeto parecido com o do programa da Globo, para internet, chamado "TV Vai com as Outras". "Também não conhecia", diz. "Todo autor tem um projeto que criou primeiro e não foi ao ar. Vida que segue".
Abaixo, o piloto de "Descontrole Remoto", de Marco Bianchi:
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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