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Globo ganha exclusiva com Felipão e Band é compensada com Parreira

Mauricio Stycer

08/07/2014 00h40

parreiramilton

Detentora dos direitos de transmissão da Copa do Mundo, a Globo recuperou, em 2014, alguns dos privilégios que havia perdido quatro anos atrás, quando Dunga dirigiu a seleção brasileira. Jogadores e integrantes da comissão técnica voltaram a ficar mais acessíveis e entrevistas exclusivas retornaram ao cardápio dos programas da emissora.

No último sábado (05), no dia seguinte à vitória do Brasil sobre a Colômbia e da notícia da fratura de Neymar, o "Jornal Nacional" foi quase inteiramente dedicado à Copa do Mundo, em especial ao drama do jogador. Uma das cerejas do bolo foi a entrevista exclusiva dada por Luiz Felipe Scolari a Galvão Bueno e Patricia Poeta, ao vivo, direto da Granja Comary, em Teresópolis.

O técnico da seleção se dirigiu ao local da entrevista acompanhado do auxiliar Flavio Murtosa, do coordenador Carlos Alberto Parreira e do assessor de imprensa Rodrigo Paiva. Acontece que o estúdio da Globo fica ao lado dos da ESPN, Fox e Band, e muita gente viu que o técnico ia falar com o "JN".

Diante da turma, o repórter Fernando Fernandes tomou a iniciativa de convidar Parreira a entrar ao vivo no programa "Band na Copa", apresentado por Milton Neves. Com o consentimento de Paiva, o coordenador da seleção deu entrevista a Neves simultaneamente à conversa de Felipão com Galvão e Patricia. O privilégio concedido à Globo acabou tendo uma compensação para a Band.

felipaojnEnquanto a entrevista com o técnico no "JN" foi quase sempre amena (excetuando um questionamento de William Bonner sobre a seleção), a participação do coordenador no "Band na Copa" provocou uma faísca. Deu-se quando Neves disse que a comissão técnica da seleção errou ao não tirar Neymar de campo enquanto a partida contra a Colômbia estava 2 a 0.

"Por que vocês não tiraram o Neymar???" O apresentador da Band falou tão alto que os presentes no estúdio da Globo olharam para o lado. Parreira, calmo, foi elegante na resposta: "Depois de ter passado, é muito fácil falar". Neves ainda provocou, dizendo que Neymar deveria ter sido substituído por "deficiência técnica", mas o coordenador da seleção não caiu: "Ele é craque. Pode fazer a diferença em um lance."

Este texto foi publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.