Mudança na bancada do “JN” gera especulações, mas não faz muita diferença
Mauricio Stycer
15/09/2014 15h14
Renata Vasconcelos será a nova apresentadora do "Jornal Nacional" a partir de novembro, no lugar de Patrícia Poeta. Poliana Abritta ocupará o posto de Renata no Fantástico. Patrícia se dedicará a um novo projeto, na área de entretenimento, ainda a ser desenvolvido.
O anúncio feito às 8h30 da manhã desta segunda-feira pela Globo procura ressaltar que não há surpresa no fato mais surpreendente – a saída de Patrícia Poeta do JN apenas três anos depois de substituir Fátima Bernardes na bancada do telejornal.
O comunicado inclui a seguinte frase da apresentadora: "Quando aceitei com muita alegria o convite para ancorar o JN, propus esse prazo. Acreditava, então, que estar na bancada do mais importante telejornal brasileiro seria uma experiência única, enriquecedora, algo que me aprimoraria de uma maneira sem igual."
Aceitar que uma nova apresentadora estabeleça o próprio prazo de permanência e entenda o trabalho como forma de "aprimoramento" me parece desmerecer o "Jornal Nacional". Difícil de acreditar…
Por que, afinal de contas, Patrícia Poeta está saindo do "Jornal Nacional"? A mudança está gerando as mais variadas especulações no mercado. Tenho dúvidas, porém, se o burburinho é sinal da importância do telejornal ou apenas uma expressão do prazer da fofoca.
A rigor, não consigo ver diferença alguma, de fundo, num telejornal apresentado por Fátima Bernardes, Patrícia Poeta ou Renata Vasconcelos. Você vê? Por favor, me explique…
Este questionamento não vale, por outro lado, para o cargo de apresentadora do "Fantástico". Na sua mistura de jornalismo com entretenimento, com apresentadores descontraídos, andando no estúdio, não basta saber ler notícias no teleprompter com competência. Neste ambiente no qual a personalidade do apresentador aflora de forma muito mais visível, Renata Vasconcelos claramente não parecia estar no lugar certo.
A outra questão que o comunicado da Globo levanta diz respeito ao movimento de aproximação do jornalismo com o entretenimento, cada vez mais claro. Se vingar, o projeto de Patrícia Poeta não será o primeiro. Os exemplos mais recentes foram as apostas em Fátima Bernardes ("Encontro…"), Tiago Leifert ("The Voice Brasil") e Zeca Camargo ("Vídeo Show").
Carlos Henrique Schroder, diretor-geral desde janeiro de 2013, é o primeiro jornalista a assumir o principal cargo executivo da emissora, antes ocupado por figuras oriundas da área comercial ou da publicidade.
Veja também
Patrícia Poeta deixará o "Jornal Nacional" em novembro
Observação: A foto no alto do texto foi postada nesta segunda-feira por William Bonner em seu perfil no Twitter. Mostra o apresentador entre Renata Vasconcelos e Patrícia Poeta. A selfie foi feita em março nos bastidores do prêmio "Melhores do Ano", no "Domingão do Faustão".
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.