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Cada vez mais absurdo, “Teste de Fidelidade” encena prisão de "adúltero"

Mauricio Stycer

13/10/2014 18h43


Para os fãs do "Teste de Fidelidade", saber se os casos relatados são verdadeiros ou encenados é o que menos importa. A graça do programa apresentado por João Kleber na RedeTV! reside justamente nas situações absurdas que propõe e nas cenas "quentes" que exibe.

Todo domingo à noite, o espectador sabe que verá um caso de adultério filmado por "câmeras escondidas" e uma discussão pública, no palco, entre o homem que "traiu" e a mulher "enganada". É um formato aparentemente engessado e repetitivo, mas que não cansa os fãs graças à criatividade de quem produz a atração.

Em agosto, observei que o "Teste de Fidelidade" havia entrado em uma nova fase, mais ousado, investindo em um tom "pornô soft". Em setembro, a RedeTV! anunciou ter pedido a reclassificação do programa, antes indicado para maiores de 14 anos, tornando-o recomendável só para maiores de 16 anos. E agora, antecipando-se ao horário de verão (que começa dia 19), a emissora também alterou o horário atração – passou a ir ao ar um pouco mais tarde, a partir das 23h30.

Neste domingo (12), João Kleber mostrou o resultado destas alterações. O "Teste de Fidelidade" foi talvez o mais ousado já exibido. "Uma superprodução", segundo o apresentador.

Como de hábito, o quadro começou com um homem comprometido sendo seduzido por uma das modelos contratadas do programa. Eles já estavam na cama quando dois homens armados (um deles usando jaleco com a inscrição "polícia") invadiram o local aos gritos. De cueca, sentado na cama, o homem que traía sua mulher foi "preso", algemado e colocado dentro de um "camburão".

Dentro da viatura, como se nada estivesse ocorrendo, continuou se agarrando com a sedutora. Tudo sublinhado pelos gritos de alegria de João Kleber: "Até algemado o cara quer transar!!!". E também: "Ela ficou nua dentro do camburão!!!"

Usando um capuz e conduzido por um "policial" armado, o homem foi levado à presença de João Kleber na RedeTV!. O apresentador fingiu ser um contrabandista e gritou (ao microfone): "Pegou minha mercadoria? Pegou minha mulher?" O infiel suplicou: "Não me mata!!!". E o apresentador, com voz grossa, completou: "Agora vou te colocar numa fria, mermão!".

No palco do programa, enfim, as algemas e o capuz foram retirados e o programa retornou ao seu padrão, exibindo a briga do infiel com a mulher que encomendou o teste.

Como vem ocorrendo nesta fase mais ousada, ao exibir as cenas de traição, cada vez mais quentes, João Kleber fica gritando: "Tira a tarja, diretor!" Ou: "Tira a tarja, desgraçado!", sendo atendido em vários momentos.

Quem tiver paciência pode ver abaixo, nos dois vídeos do programa, a cena que acabei de descrever. Mesmo para quem está acostumado com o "teatro da fidelidade", a encenação da prisão do infiel foi uma das cenas mais surpreendentes – e absurdas – da história do programa.

Em tempo: O esforço de João Kleber e de sua produção não foi recompensado pela audiência. Segundo o Ibope, o programa marcou apenas 1,7 ponto. Ainda assim, foi a maior audiência da RedeTV! no domingo. Na visão de gente que trabalha na emissora, foi um erro a programação colocar a série "Hawai 5-0" entre o "Te Peguei na TV" (pegadinhas) e o "Teste de Fidelidade".

Aqui, a primeira parte:

E aqui, a segunda:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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