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Zé Carioca ri da falta de bons entrevistados nos talk shows brasileiros

Mauricio Stycer

13/10/2014 10h01

Com a estreia do "The Noite", em março deste ano no SBT, a TV brasileira passou a oferecer três talk shows noturnos durante a semana. Exibido de segunda a sexta, o programa comandado por Danilo Gentili concorre com o decano deles, o "Programa do Jô", também cinco vezes por semana, na Globo, e com o "Agora É Tarde", apresentado por Rafinha Bastos, de terça a sexta, na Band.

Esta situação inédita estimula a concorrência, o que é ótimo, mas também revela um problema sério: não há tanta gente interessante assim para preencher a pauta de tantos programas parecidos.

Jô Soares com muita freqüência recorre a artistas da própria Globo para montar o cardápio do seu talk show. O procedimento é adotado também, ainda que com mais dificuldades, porque os elencos da Band e do SBT são menores, por Rafinha Bastos e Danilo Gentili.

A disputa por entrevistados já produziu situações embaraçosas. Ao saber que a cantora Dulce Maria seria a convidada de Gentili numa determinada noite, a Band decidiu adiar a conversa dela com Bastos, programada para ir ao ar no mesmo dia. Disputado, também, pelos dois programas, o funkeiro MC Nego do Borel se viu na situação de ficar "preso" no SBT para não ir no concorrente.

Para minha surpresa, quem melhor soube rir desta disputa entre os três talk shows foi um personagem de HQ, o "Zé Carioca". No número mais recente do gibi, nas bancas, o personagem se vê no centro de um leilão promovido entre "Xô Xuarez", "Vanilo Dentili" e "Patinha Pastos".

Os três querem entrevistar, sem saber que se trata do Zé Carioca fantasiado, uma barata sambista, que ajuda a promover uma loja de comércio popular. A história prossegue irônica até o fim (não vou dar spoiler), mostrando o desespero dos três entrevistadores em arrumar qualquer pessoa para seus programas. É um retrato (roteiro de Denise Ortega; desenhos de Luiz Podavin) bem pouco lisonjeiro dos talk shows nacionais.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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