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“The Newsroom” volta com críticas à cobertura do atentado de Boston

Mauricio Stycer

23/11/2014 05h01

thenewsroombostonA terceira e última temporada de "The Newsroom" começa a ser exibida neste domingo (23), às 21h, pela HBO. Serão apenas seis episódios de despedida. É uma espécie de prêmio de consolação para a série, que teve bastante repercussão ao estrear, em 2012, mas cujas críticas sempre foram mais negativas do que positivas.

Criada por Aaron Sorkin, o mesmo de "The West Wing", "The Newsroom" descreve o cotidiano em um canal de TV pago especializado em notícias 24 horas. O drama gira em torno do principal âncora da emissora, Will McAvoy (Jeff Daniels), e do grupo de jornalistas e produtores que o cercam.

Como em todo episódio, o da estreia da terceira temporada discute, inspirado em fatos reais, questões éticas relacionadas ao exercício do jornalismo – no caso, a cobertura do atentado ocorrido na maratona de Boston, em 15 de abril de 2013, que causou a morte de três pessoas e deixou mais de 200 feridos.

thenewsroomredacaoOs muitos erros cometidos pela mídia, incluindo agências de notícias, sites, jornais e TVs, são lembrados, bem como os equívocos que nasceram nas redes sociais. O episódio discute o dilema entre dar a notícia antes de todo mundo, sem uma confirmação oficial, ou correr o risco que o concorrente noticie primeiro. No segundo caso, perde-se o furo, mas ao menos a imagem da emissora não ficará arranhada por conta da divulgação de boatos ou informações imprecisas.

Sempre didática, "The Newsroom" procura convencer o espectador que o chamado "jornalismo cidadão", feito de forma colaborativa, não é confiável, como mostram as acusações falsas que nasceram nas redes sociais sobre supostos suspeitos de terem participado do atentado.

Paralelamente, acompanhamos o esforço do autor em "humanizar" os personagens, contrapondo os problemas profissionais aos seus dramas amorosos. No início da terceira temporada seguem avançados os preparativos para o casamento de McAvoy com a produtora MacKenzie McHale (Emily Mortimer).

Com diálogos inteligentes – e rápidos – o programa exige muita atenção do espectador. Como nos 19 episódios das duas primeiras temporadas, o novo capítulo de "The Newsroom" exibe um retrato, às vezes, emocionante e, até, glorificante do jornalismo.

Para quem é do ramo, porém, a série reflete o idealismo de Sorkin, mostrando de forma pouco sutil e até ingênua o que o jornalismo deveria ser, mas não é. Como escrevi logo depois de ver alguns episódios da primeira temporada, é um telejornal dos sonhos.

Abaixo um trailer da terceira temporada (sem legendas)

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.