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Não existe “ditadura de formatos”, como diz Rafael Cortez, mas comodismo

Mauricio Stycer

05/12/2014 05h01


De volta ao "CQC" da Band em 2015, Rafael Cortez deu uma entrevista curiosa ao programa "Mulheres", da TV Gazeta, na última quarta-feira (03). Analisando o fiasco das duas experiências que teve em sua breve passagem pela Record, "Got Talent" e "Me Leva Contigo", ele disse:

"Os dois programas que apresentei na Record foram muito legais para mim. Aliás, não tenho nada do que reclamar da emissora. Não me arrependi [de ter ido para a Record]. Gostei muito da experiência. Só que eu peguei esse eixo desgastado dos formatos. Vivemos em uma ditadura de formatos. Não foi erro meu, nem da Record. Peguei formatos que não se apropriaram à linguagem local".

Há muitos anos as emissoras brasileiras têm recorrido à compra de formatos estrangeiros, na esperança de resolver problemas na programação. Muitos destes programas costumam ser variações de atrações mais do que manjadas pelo público brasileiro.

"Got Talent" é um show de talentos, como dezenas de outros já exibidos por aqui desde a era do rádio. E "Me Leva Contigo", um programa no estilo "Namoro na TV", que Silvio Santos começou a apresentar um 1967 (possivelmente copiando algum similar estrangeiro).

A rotineira adaptação de formatos estrangeiros pelas principais emissoras nacionais mostra comodismo e falta de disposição para investir na criação de programas originais. Não há ditadura nenhuma, como diz Cortez. A Record, que tem comprado muitos formatos estrangeiros, não é obrigada por ninguém a fazer isso.

Outra grande cliente de formatos estrangeiros, a Globo, anunciou a criação de um fórum interno com o objetivo de discutir o assunto e sugerir ideias originais de programas para a emissora. Esse fórum é dirigido por Boninho, um exímio adaptador de formatos estrangeiros.

Investir no desenvolvimento de ideias é o caminho mais fácil para acabar com esta suposta "ditadura de formatos".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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