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“BBB foi a pior coisa que aconteceu na minha vida", avalia atriz

Mauricio Stycer

14/01/2015 05h01

A uma semana do início do "BBB15" é interessante divulgar o que aconteceu com a atriz Aline Dahlen. Ela foi uma das participantes mais marcantes do "BBB14. Inteligente, sagaz, fez inúmeras observações incômodas ao longo do programa. Por conta de sua formação profissional, era frequentemente acusada de "interpretar" dentro do reality show da Globo.

Num de seus melhores momentos, durante uma votação, peitou o apresentador Pedro Bial, que havia justamente a acusado de "atuar" em excesso na casa: "Eu vou votar numa pessoa que fala que sou atriz, que estou atuando, mas aqui não tem roteiro, nem diretor. Eu vou votar em você, Bial", disse Aline.

Como escrevi na época, Aline encarou todos, com mais ou menos habilidade, dentro da casa. Cometeu erros a granel, talvez por achar que poderia discutir racionalmente com gente disposta a outras experiências no programa. Foi chata, irritante, perdeu a linha, causou… Deixou uma marca – e saiu com 80% dos votos, uma altíssima rejeição.

Como a maioria dos ex-BBB, Aline caiu no esquecimento do grande público. Mas a participação no programa deixou marcas profundas nela, como descobri esta semana, lendo uma entrevista que deu ao site Ego, do grupo Globo.

"Se arrependimento matasse eu já estaria morta, enterrada e putrefata, mas me sinto mesmo é enterrada viva", diz ela sobre a dificuldade que tem enfrentado em conseguir trabalho como atriz.

"Eu digo que a pior coisa que aconteceu em toda a minha vida foi ter aceitado participar do BBB. Eu tinha uma vida bacana antes do programa: era atriz de comerciais, atriz de novelas, fazia teatro e escrevia minhas coisas. Tinha um namorado legal, uma vida tranquila e uma carreira em andamento. O programa simplesmente acabou com a minha imagem, me usou, esculhambou, depois descartou, sem pensar nas consequências. Não faço mais comerciais, pois agora sou a malvada do BBB, e não trabalho como atriz, pois acham que sou mais uma louca pela fama", diz ela na entrevista.

A atriz responsabiliza a edição do programa pela criação da imagem de "vilã". "A produção deve pensar: 'vamos inventar histórias, pesar a mão na edição e criar um vilão. A Aline é questionadora, adora reclamar, tem pulso firme, fala na cara, mas é brincalhona, divertida e honesta. Vamos fazer o seguinte: a gente apaga na edição seus predicados e ressaltamos as características fortes.' Pronto. Assim foi criada a personagem má do BBB 14″, afirma.

O caso de Aline me lembra o de Elenita Rodrigues, doutora em lingüística, que participou do "BBB10". Um ano depois, ela desabafou: "A verdade é que fiz foi perder dinheiro participando do BBB (perdi credibilidade no círculo acadêmico e fui vetada em quase todas as bancas de que participava e que constituíam duas, três vezes o valor do salário que ganho agora)."

Assim como Elenita, Aline dá a impressão de que não tinha a noção exata do impacto que a participação no programa poderia ter em sua vida posteriormente. No caso da atriz o problema ainda tem uma complicação extra porque a sua profissão exige exposição pública.

Só posso lamentar pelas duas. Mas acho que é um fenômeno compreensível diante das promessas oferecidas pelo "BBB".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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