“BBB foi a pior coisa que aconteceu na minha vida", avalia atriz
Mauricio Stycer
14/01/2015 05h01
A uma semana do início do "BBB15" é interessante divulgar o que aconteceu com a atriz Aline Dahlen. Ela foi uma das participantes mais marcantes do "BBB14. Inteligente, sagaz, fez inúmeras observações incômodas ao longo do programa. Por conta de sua formação profissional, era frequentemente acusada de "interpretar" dentro do reality show da Globo.
Num de seus melhores momentos, durante uma votação, peitou o apresentador Pedro Bial, que havia justamente a acusado de "atuar" em excesso na casa: "Eu vou votar numa pessoa que fala que sou atriz, que estou atuando, mas aqui não tem roteiro, nem diretor. Eu vou votar em você, Bial", disse Aline.
Como a maioria dos ex-BBB, Aline caiu no esquecimento do grande público. Mas a participação no programa deixou marcas profundas nela, como descobri esta semana, lendo uma entrevista que deu ao site Ego, do grupo Globo.
"Se arrependimento matasse eu já estaria morta, enterrada e putrefata, mas me sinto mesmo é enterrada viva", diz ela sobre a dificuldade que tem enfrentado em conseguir trabalho como atriz.
A atriz responsabiliza a edição do programa pela criação da imagem de "vilã". "A produção deve pensar: 'vamos inventar histórias, pesar a mão na edição e criar um vilão. A Aline é questionadora, adora reclamar, tem pulso firme, fala na cara, mas é brincalhona, divertida e honesta. Vamos fazer o seguinte: a gente apaga na edição seus predicados e ressaltamos as características fortes.' Pronto. Assim foi criada a personagem má do BBB 14″, afirma.
Assim como Elenita, Aline dá a impressão de que não tinha a noção exata do impacto que a participação no programa poderia ter em sua vida posteriormente. No caso da atriz o problema ainda tem uma complicação extra porque a sua profissão exige exposição pública.
Só posso lamentar pelas duas. Mas acho que é um fenômeno compreensível diante das promessas oferecidas pelo "BBB".
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.