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Núcleo mais provocador de “Babilônia” mistura política e religião

Mauricio Stycer

07/04/2015 05h01

Fala-se muito do casal formado por duas senhoras, bem como das duas vilãs amorais e do agenciador de garotas de programa, mas o núcleo mais provocador de "Babilônia", até o momento, na minha opinião, é o da família Pimenta.

Evangélicos, eles vem de uma pequena cidade na periferia do Rio, a fictícia Jatobá, e agora moram na Barra da Tijuca.

Aderbal (Marcos Palmeira), o líder do clã, é o prefeito de Jatobá. Populista, se faz passar por homem simples, tentando esconder da população que é rico. Despudoradamente corrupto, faz negócios escusos com parentes e recorre a um assessor para esconder o dinheiro desviado. Infiel, engravidou a empregada da casa e a mandou para o interior.

Sua mãe, Consuelo (Arlete Salles), parece ser a mais religiosa da família. Deslumbrada com o mundo dos ricos, do qual agora faz parte, quer contratar um mordomo para o apartamento na Barra, mas não consegue esconder pensamentos racistas e homofóbicos diante dos candidatos.

Maria José (Laila Garin), a mulher do prefeito, é uma alma boa e ingênua. Igualmente religiosa, submissa ao marido, acredita na sua fidelidade e honestidade. Lais (Luisa Arraes), a filha do casal, vai ser a personagem que colocará o núcleo em contato com um mundo radicalmente diferente e chocante.

A menina se apaixona por Rafael (Chay Suede), que é criado pelo casal formado por Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro). O namoro entre os dois vai ter toques de "Romeu e Julieta", opondo duas famílias inconciliáveis.

No capítulo desta segunda-feira (06), Rafael foi à casa de Laís tentar convencer a família da menina sobre as suas boas intenções. A conversa ia razoavelmente bem até o rapaz revelar que é ateu. Ato contínuo, foi expulso de casa por Aderbal.

A família Pimenta é pintada com tintas de exagero, próxima da caricatura. O objetivo parece claro: mostrar que por trás de um comportamento excessivamente moralista pode ser esconder um poço até aqui de hipocrisia.

Diante da pressão por mudanças em "Babilônia", uma novela cuja audiência está muito abaixo da esperada, espero que a história da família da Pimenta não seja suavizada, como já ocorreu com outras tramas da novela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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