Bem distante de “A Grande Família”, “Chapa Quente” aposta em humor batido
Mauricio Stycer
10/04/2015 01h19
Muita gente entendeu, por isso, que a nova série seria uma espécie de sucessora da sitcom que ficou no ar por 14 temporadas. Claudio Paiva, o autor de "Chapa Quente", foi roteirista de "A Grande Família". O fiscal Mendonça, personagem de Tonico Pereira, fez uma participação especial na estreia da nova série. Lucio Mauro Filho, o Tuco, é um dos protagonistas.
Tem mais. São Gonçalo, segundo município mais populoso do Estado do Rio, terra de Agostinho Carrara, o genro que nenhuma sogra gostaria de ter, é o cenário de "Chapa Quente". E a história se passa em um bairro de classe média baixa, como em "A Grande Familia".
Um episódio é insuficiente para fazer afirmações muito categóricas. Ainda assim, apesar das muitas referências, parece haver bem pouco de "A Grande Família" em "Chapa Quente", a começar pela humanidade dos personagens da primeira.
Houve também quem se lembrasse do subúrbio de "Pé na Cova" ao ver a nova série. Mas enquanto o programa de Miguel Falabella chama a atenção pelos tipos desajustados e pelo humor agridoce, "Chapa Quente" busca empatia com personagens bem batidos, piadas fáceis e o humor muito característico da dupla de protagonistas, Ingrid Guimarães e Leandro Hassum.
Há ainda Lucio Mauro Filho como um PM malandro, em dupla com o policial bobão (Eduardo Estrela), além de Tiago Abravanel e Renata Gaspar como assistentes do salão, ele fazendo papel de um gay fofoqueiro e ela como namorada de um presidiário.
Fiquei com a impressão de que "Chapa Quente", diferentemente de "A Grande Família" e "Pé na Cova", não quer correr risco algum nem fazer pensar muito. Que ao menos provoque boas gargalhadas – o que ficou devendo na estreia.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Sobre o blog
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