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Divulgar spoiler de reality show estraga prazer e não acrescenta nada

Mauricio Stycer

12/06/2015 17h13

masterchefequipe2015

Pela terceira vez em pouco mais de três anos, um jornalista divulga os nomes de finalistas e/ou eliminados de reality shows de competição realizados no Brasil. O assunto sempre provoca uma discussão interessante entre profissionais de mídia. É correto divulgar este tipo de spoiler?

Desta vez, a notícia diz respeito ao "MasterChef Brasil", da Band, que só terminará daqui a dois meses, mas já teve os seus supostos finalistas divulgados pelo jornal "Agora São Paulo" (caso esteja interessado, leia aqui).

Em outubro de 2013, a revista "Veja São Paulo" divulgou com antecipação os nomes de seis candidatos que seriam demitidos por Roberto Justus, no "Aprendiz – o Retorno", da Record. Em março de 2012, o site R7, da Record, publicou os nomes dos quatro finalistas do "The Ultimate Fighter", que a Globo havia acabado de estrear.

Todos estes três programas gravaram antecipadamente um número grande de episódios, o que sempre abre brecha para vazamentos. Como já escrevi uma vez, entendo que os jornalistas que descobriram os desdobramentos das três competições estavam fazendo o trabalho deles. Ou seja, não fizeram nada de errado.

Mas, em casos como estes, em que o entretenimento está diretamente ligado ao suspense, acho que o interesse jornalístico (o "furo") poderia ficar em segundo plano. A divulgação estraga o prazer de muita gente que tem interesse em acompanhar o programa e não quer saber antes da hora o seu desfecho.

Alguém poderia argumentar: mas esse tipo de spoiler não é equivalente à divulgação de resumos de novelas ou, mesmo, a antecipação de cenas importantes, que todos os sites publicam? Uma diferença é que o público de novela, em sua maioria, gosta ou é indiferente a estas notícias.

Se a divulgação de spoilers em realities de competição estivesse relacionada a uma denúncia, por exemplo, de fraude do programa, acho que seria totalmente justificável. Mas divulgar apenas por divulgar, me parece mais narcisismo de quem descobre do que, efetivamente, uma contribuição do jornalismo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.