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“Sou petista de raiz”, brinca Jô sobre entrevista “histórica” com Dilma

Mauricio Stycer

13/06/2015 13h11

Como outras entrevistas que a presidente Dilma Rousseff já concedeu a programas de entretenimento ("Mais Você", "Esquenta", "Hoje em Dia", "Ratinho", "Programa da Hebe"), a sua conversa com Jô Soares, exibida na noite de sexta-feira (12), foi marcada pelo tom ameno e a ausência de questionamentos mais duros.

O apresentador não evitou assuntos espinhosos, mas adotou uma postura gentil, seja fazendo perguntas abertas (e pouco específicas), seja evitando contestar as respostas com réplicas.

Ainda que não tenha sido bombástico, Jô classificou, ao final, como "um momento histórico nos meus 54 anos de profissão" o seu encontro com Dilma. Por quê?

"Achei essa a entrevista a mais importante da minha carreira pelo momento em que a gente está vivendo", diz Jô ao blog. "É um momento difícil para a presidente e achei corajoso ela me receber", conta o apresentador. "Me deixou emocionado", acrescenta.

Jô trata com bom humor as críticas à entrevista, considerada muito favorável à presidente. "Sou petista de raiz", diz, rindo. "Antes, se eu entrevistava alguém do PSDB, era chamado de petista. E se entrevistava alguém do PT era chamado de tucano. É sempre assim".

Apresentando talk shows desde 1988, ou seja, já há 26 anos, esta foi apenas a segunda vez que Jô Soares entrevista um presidente do Brasil em exercício. A primeira foi com Fernando Henrique Cardoso, à época da reeleição.

No final de abril de 2004, em um episódio rumoroso, Jô cancelou uma entrevista agendada com Lula, insatisfeito ao saber que o então presidente iria receber dias antes o apresentador Ratinho, do SBT, na Granja do Torto.

A decisão do apresentador da Globo foi entendida como um gesto de vaidade, o que ele negou. "Não é porque o Ratinho fez antes. É por causa da proximidade. Não tem sentido fazer uma entrevista em cima da outra", disse, então, a Daniel Castro, na Folha.

"Não me arrependo", me disse Jô. "Já havia entrevistado Lula 13 vezes e quando soube que ele ia antes no Ratinho decidi cancelar. Não foi vaidade, me senti furado". Segundo o apresentador, depois deste episódio Lula nunca mais foi convidado a ir em seu programa.

A satisfação de entrevistar Dilma ficou patente em vários momentos do encontro, que durou 69 minutos. Ao final, Jô deixou este sentimento explícito ao dizer: "Agradeço demais o seu tempo, sendo uma pessoa tão ocupada. Eu espero que tenha sido bom para você também. Porque hoje é Dia dos Namorados. Afinal, temos que sair daqui os dois satisfeitos." "Muito satisfeitos", respondeu Dilma.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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