Justiça veta crianças e Silvia Abravanel apresenta o “Bom Dia & Cia”
Mauricio Stycer
15/07/2015 01h56
Diretora do núcleo infantil do SBT, Silvia Abravanel, filha de Silvio Santos, informou em sua página no Facebook, por volta da meia-noite, que as crianças Matheus Ueta, de 11 anos, e Ana Julia, 8, não iriam apresentar o programa "Bom Dia & Cia" na manhã desta quarta (15) "devido a um impedimento da Justiça".
A diretora não deu mais detalhes sobre a questão, mas avisou que ela própria estaria à frente da atração, a partir das 9h. Abaixo a mensagem que deixou na rede social:
"Meus amores boa noite … Tenho uma notícia pra dar pra vcs … Amanhã quem estará apresentando o @bomdiaecia sou eu, devido a um impedimento da justiça com nossos pequeninos Mateus e Anna Julia…. Más tenho certeza que logo essa situação se resolverá e eles estarão de volta … Que os anjos estejam comigo e claro VOCÊS também… Até amanhã as 9:00!! Bjsss"
Em seguida, ela cometeu um pequeno erro: "Vamos à primeira ligação. Alô!!" E logo se corrigiu "Me enganei, gente. A gente vai primeiro assistir os desenhos. 'Os Padrinhos Mágicos'." Em sua segunda aparição na tela, nervosa, Silvia repetiu a explicação sobre o impedimento legal e pediu: "Me ajudem, deem audiência".
Segundo dados preliminares do Ibope, o "Bom Dia & Cia" registrou 6,6 pontos de média, 9 de pico e 18.6% de participação. No mesmo período, a Globo marcou 6,9. Record (4,8) e Band (1,8) ficaram atrás. O resultado com Silvia Abravanel no comando da atração é acima da média do programa em 2015, que é de 4,9 pontos.
Juiz pede "adequação de horário"
A determinação judicial que tirou Matheus Ueta e Ana Julia, apresentadores do "Bom Dia & Cia", do ar foi de Flavio Bretas Soares, juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Foi o mesmo magistrado que impediu esta semana a participação de dois atores-mirins no espetáculo "Memórias de um Gigolô", que estreou em São Paulo.
Segundo o blog apurou, a notificação judicial recebida pelo SBT na noite de terça-feira (15) fala em "adequação de horário" de trabalho das crianças. Advogados da emissora vão se reunir ainda nesta quarta-feira com o magistrado para tentar mostrar que Mateus e Ana Julia cumprem horários que não atrapalham suas atividades escolares.
A emissora, que emprega muitas crianças ("Chiquititas", por exemplo), assegura prestar todo tipo de assistência a seus atores-mirins, o que inclui psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionista e até professor particular. O SBT também acompanha o desempenho escolar das crianças contratadas.
A filha do patrão
No mesmo ano, Silvia também apresentou a versão brasileira de um programa da Televisa, mexicana, chamado "Casos da Vida Real". Também ficou apenas alguns meses na grade.
"Memórias de um Gigolô"
Uma decisão de Flavio Bretas Soares, juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, impediu esta semana a participação de dois atores-mirins, Matheus Braga, 13, e Kalebe Figueiredo, 10, no espetáculo "Memórias de um Gigolô", que estreou em São Paulo.
Segundo a decisão judicial, o texto da peça conteria uma linguagem inadequada que poderia prejudicar o desenvolvimento psíquico dos jovens. Miguel Falabella, diretor do espetáculo, protestou no palco do Teatro Procópio Ferreira na noite de segunda-feira (13):
"Uma das razões alegadas foi que a de que o personagem usava a palavra 'masturbação' no texto, e que isso poderia prejudicar o desenvolvimento psíquico dos menores. O teatro, senhor juiz, muito pelo contrário, ensina esses dois jovens talentos a dominar a língua, a se expressar com clareza, a aguçar o raciocínio e a olhar o mundo com os olhos da poesia. E o teatro musical ainda por cima lhes ensina a música", disse.
Atualizado às 9h15, às 10h50, às 11h30 e às 13h30.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.