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Após “Cúmplices...”, desafio do SBT é fazer uma novela infantil brasileira

Mauricio Stycer

07/08/2015 11h32

Exibidos os primeiros quatro capítulos de "Cúmplices de um Resgate", a terceira novela infantil seguida do SBT, parece seguro afirmar que o maior acerto da emissora nesta década foi o seu investimento neste segmento.

Depois de "Carrossel" (2012) e "Chiquititas" (2013), esta nova adaptação de um folhetim latino consolida a descoberta do SBT de que havia um público à espera deste tipo de produção.

Além disso, a qualidade de "Cúmplices de um Resgate", na comparação com as duas anteriores, mostra que a emissora está desenvolvendo o know how para realizar novelas infantis.

Com exceção do título, péssimo, tudo na nova atração mostra avanço em relação à "Chiquititas" e "Carrossel" – produção, cenografia, o próprio texto, direção do elenco adulto e a interpretação das crianças.

Ao confessar que sua grande fonte de inspiração é a ingênua e otimista Poliana, Iris Abravanel deu uma das chaves para a explicação do sucesso das novelas infantis do SBT – os seus textos simples e diretos, com mensagens positivas, sem muito espaço para ironia, insinuação ou sutileza.

Combinado ao texto juvenil, o elenco de crianças consegue transmitir, como já escrevi antes, um misto de despreparo com vontade de agradar que torna tudo muito saboroso e "fofo" para quem assiste.

Íris revelou que "Cúmplices" terá cerca de 250 capítulos – sendo que apenas 90 são "aproveitáveis" da versão original. Ou seja, haverá bastante espaço para criação original dela e de sua equipe.

O passo seguinte neste processo, imagino, será a criação de uma novela totalmente original, brasileira, inventada pelos autores da emissora. Até agora, o SBT apenas adaptou e recriou produções que foram testadas anterioremente em outros países e na própria emissora.

Espero, ainda, que o SBT não se acomode, e estique "Cúmplices de um Resgate" além da conta. Os mais de 500 capítulos de "Chiquititas" foram um abuso com a paciência mesmo do público mais fiel.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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