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Diretor da Globo diz que não existe mais “teste do sofá hétero”

Mauricio Stycer

06/09/2015 19h30

A ideia de que um ator ou atriz, para conseguir um papel em uma novela, precisa fazer sexo com o autor ou o diretor é uma lenda que alimenta a fantasia de muita gente. O chamado "teste do sofá" já foi objeto de algumas denúncias, mas permanece como um tabu, a respeito do qual pouca gente fala abertamente.

Achei surpreendente, por isso, uma declaração sobre o assunto dada por Mauro Mendonça Filho, diretor da novela "Verdades Secretas", em entrevista a "O Globo", publicada neste domingo (06).

A certa altura da conversa, as repórteres Natalia Castro e Valquíria Daher questionaram o diretor sobre o seu papel como "administrador" das equipes que dirige. Depois de uma longa explicação, ele resumiu sua forma de agir em cena assim: "Meu esquema é o da camaradagem". Elas então perguntaram: "Aquela imagem do diretor carrasco ficou para trás?" Ao que Mendonça respondeu:

"É um clichê antigo, não existe mais. Esses clichês todos mudaram, até o teste do sofá… hétero!"

Surpresas com a resposta, que sugere a permanência de testes do sofá com homossexuais, as jornalistas ainda o questionaram: "Hétero?" Em sua resposta, Mendonça parece confirmar que um tipo de exploração sexual de candidatos a atores ainda é praticada:

"Sim, as meninas já chegam com 18, 19 anos e ferram com nossas vidas, podem acabar com você, entendeu? Os meninos, os bofes, chegam e te dão uma espinafrada. Já os gays chegam com os olhos arregalados, o pessoal vai em cima direto. Mas tudo mudou, não existe mais isso de diretor déspota. Ele tem que ser um diplomata, um alquimista, um gestor com alquimia, com certa magia para transformar atores e cenas naquilo que o espectador quer ver. Se você tem aquele brilho no olhar, não precisa de tirania, somente firmeza."

Vale observar que o assunto, muito grave, foi levantado por iniciativa do próprio diretor. Infelizmente, não teve prosseguimento na entrevista (veja aqui).

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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