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Com “barriga bíblica”, novela exibe até 10 minutos de reprise por capítulo

Mauricio Stycer

13/10/2015 05h01


Mesmo os maiores fãs de "Os Dez Mandamentos" já notaram que a novela entrou em uma fase de grande enrolação – uma "barriga", como se diz no meio, de dimensões bíblicas.

Como qualquer emissora faria, a Record está esticando o seu maior sucesso de 2015 o quanto pode. A previsão é que "Os Dez Mandamentos" fique no ar até a segunda quinzena de novembro, mas ainda não foi anunciado oficialmente o dia do último capítulo.

As dez pragas enviadas por Deus ao Egito para pressionar Ramsés a libertar os hebreus estão servindo de pretexto para a encheção de linguiça. Da primeira à sétima praga, de 31 de agosto a 9 de outubro, já foram 30 capítulos. Seguindo este ritmo, é possível prever mais três semanas até a praga derradeira, que levará o faraó, finalmente, a deixar os hebreus partirem.

A emissora está reeditando os capítulos de forma drástica para esticá-los. Uma das maneiras de fazer isso é encher o episódio de flashbacks — cenas nas quais os personagens se lembram de situações ocorridas anteriormente.

Outra forma, mais preguiçosa, de fazer isso é aumentando o tempo dedicado ao resumo do capítulo anterior. Na última sexta-feira (09), por exemplo, os primeiros 10 minutos de um total de 54 do capítulo foram ocupados integralmente com cenas do episódio do dia anterior (08). Isso significa que 18%, ou quase um quinto do material exibido, não foi original.

O capítulo desta segunda-feira (12) começou mostrando parte das impactantes cenas da sétima praga exibidas na sexta-feira (09), que haviam sido exibidas originalmente na quinta-feira (08). Ou seja, com reprise da reprise.

Como a audiência não dá sinais de declínio, ao contrário, segue em curva ascendente, a estratégia da Record pode ser considerada bem-sucedida. Apaixonado pela novela, o público demonstra ter paciência de Jó para tanta enrolação.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.