Excesso de sexo em reality show criou conflito entre direção e patrocinador
Mauricio Stycer
10/11/2015 05h01
Se há algo que o diretor de um reality show como "BBB" ou "Fazenda" sempre espera ver são casais se formando no período do confinamento do programa. Casais geram histórias, intrigas e cenas picantes, que atiçam a imaginação do espectador.
No caso de "Busão do Brasil", exibido de julho a outubro de 2010, ocorreu o oposto. O excesso de sexo entre os participantes atrapalhou o programa.
Apresentado por Edgar Picolli, o reality confinou 12 participantes em um ônibus que rodou o país. Uma parceria da Band com a Endemol, dona do formato, o programa foi um fracasso – e deixou más lembranças para quem se envolveu diretamente na produção.
Daniela, na época, trabalhava na Endemol e citou o "Busão do Brasil" para falar sobre como o conteúdo de um programa pode entrar em choque com os seus patrocinadores. "Num reality de confinamento você tem riscos", contou a executiva. "Vários casais dentro de um ônibus e eles começam a transar muito. Muito. O que você faz com aquilo?"
A certa altura do programa, três casais fizeram sexo sob o edredon — separadamente. Também houve insinuação de sexo entre mulheres, muitos banhos de gente pelada e algo mais.
Pressionada pelo principal patrocinador, uma marca de refrigerantes, a produção do "Busão do Brasil" se viu obrigada a abrandar as cenas mais quentes. "Atendemos muito o patrocinador", contou a executiva. "O reality me fez aprender a dosar patrocinadores e parte artística".
Criada há pouco tempo, a Formata produziu este ano "A Grande Farsa", programa de Wellington Muniz, o Ceará, exibido no Multishow, e acaba de estrear "Pequenos Campeões", no SBT. A produtora é também uma das responsáveis por "Hell´s Kitchen", também no SBT, e "Papito in Love", na MTV.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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