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Com gestão familiar e grade estruturada, SBT depende menos de Silvio Santos

Mauricio Stycer

11/12/2015 07h01

silviosantosfamilia
Nunca se viu, como em 2015, tamanha exposição da família Abravanel nas telas do SBT. Além de Patrícia, que já aparecia bastante, outras duas filhas, Silvia e Rebeca, e a mulher de Silvio, Iris, foram protagonistas de diferentes situações exibidas pela emissora.

Não acredito em acaso. Empresa tipicamente familiar, como outras no mundo da mídia, o Grupo Silvio Santos quis mostrar que não pretende mudar este tipo de gestão depois que o patrão se afastar do comando.

Uma reportagem publicada na "Folha" em julho revelou que o empresário contratou a consultoria americana McKinsey com a intenção de preparar suas seis filhas para continuarem tocando o negócio.

Chegando aos 85 anos neste sábado (12), é natural que Silvio tenha esta preocupação e encaminhe as coisas de forma profissional. Uma outra questão, tão importante quanto, é saber se o SBT está preparado para rumar sem o seu idealizador, comandante e maior dínamo.

Silvio Santos ocupa hoje quatro horas semanais, aos domingos, com seu tradicional programa, mais algumas com as atrações institucionais, para promoção dos produtos do grupo. Não é muito para quem, nos áureos tempos, passava doze horas no ar.

Ainda que mereça muitas críticas, o SBT mantém hoje uma grade de programação estruturada, com uma lógica interna muito clara, e cujos resultados parecem ser satisfatórios. Depois de perder a vice-liderança para Record em 2007, a emissora recuperou a posição em meados de 2014 e a manteve ao longo de todo este ano, apesar do sucesso da novela bíblica da rival.

Em outras palavras, o SBT hoje não depende tanto quanto no passado de Silvio Santos para ser uma emissora competitiva no mercado. Creio que esta é uma boa notícia para quem, com um certo alarme, teme que o canal da Anhanguera possa sucumbir sem o seu fundador.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.