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“Não duvido se quiserem fazer mais”, diz Bruno Mazzeo sobre a Escolinha

Mauricio Stycer

12/12/2015 05h01

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A Globo começa a exibir neste domingo (13) uma edição especial com sete episódios da "Escolinha do Professor Raimundo" encenados por atores da nova geração. No papel principal, vivido originalmente por Chico Anysio, está seu filho, Bruno Mazzeo.

Em entrevista ao blog, Mazzeo descreve a emoção vivida por ele e todo elenco ao longo do processo de gravação. "Essa homenagem à Escolinha não é um programa de humor, mas um programa de amor", diz. Também conta bastidores do programa – o fato de os atores nunca saberem a que momento serão chamados pelo "professor" nem conheceram antes o texto dos colegas.

Cinco dos sete episódios foram exibidos originalmente pelo canal Viva, associado à Globo no projeto. A ótima repercussão levou muita gente a especular sobre uma possível volta da Escolinha como um programa regular. Mazzeo comenta: "A reação foi tão incrível, tão carinhosa e respeitosa, que não duvido se quiserem fazer mais". Veja abaixo a entrevista, feita em uma troca de emails:

Por que, na sua opinião, "essa homenagem à Escolinha não é um programa de humor, mas um programa de amor"?
Pelo simples fato de que foi o amor que moveu tudo. Foi por causa do amor à pessoa mais importante da minha vida que eu topei a brincadeira/homenagem; o clima nas gravações era de emoção por estarmos podendo homenagear a todos os envolvidos. Todos nos emocionamos muito, o tempo inteiro. No meu caso, se trata do meu pai, então é natural que muitos filmes passassem na minha cabeça durante todo o processo. Ver meu filho e meus sobrinhos na gravação, emocionados, chorando com "saudade do vovô". Isso tudo é amor.

Além de ter sido uma bela homenagem, você enxerga atualidade no tipo de humor da Escolinha?
Claro que o formato da Escolinha é mais tradicional. Mas aqui cabe a frase que meu pai sempre disse, principalmente quando parte da imprensa começou a chamá-lo de ultrapassado: "não existe humor novo e humor velho. Existe humor engraçado e humor sem graça". Agora, existem várias maneiras de se fazer o humor engraçado e outras tantas de se fazer humor sem graça.

Os atores só tiveram acesso ao roteiro de seus próprios personagens e não sabiam quando seriam chamados peloo professor. Era assim também nas gravações da Escolinha original? Por quê?
Sempre foi assim, pra manter o frescor. Os atores eram a primeira plateia, as risadas espontâneas. Não só um não sabia o texto do outro, como também não sabiam a ordem da chamada. A única diferença é que agora tivemos uma plateia real, com risadas espontâneas. Coisa pela qual meu pai sempre "brigou", mas não conseguiu.

Vi uma foto (no alto) de todo o elenco abraçado ao final da gravação. Parece um time de futebol fazendo uma prece ao final de um campeonato vencido. Você estava com medo antes que não fosse dar certo?
Cara, acho que a primeira pergunta responde. Complemento dizendo que foi tudo tão bonito que, assim que terminamos, a coisa com a qual eu menos me preocupava era a repercussão, se iam falar mal ou fazer comparações. É tudo tão maior que isso. Sabe quando você passa por experiências que te melhoram ou te fazem ver as coisas de outro prisma?

Você consegue ver a Escolinha como um programa novamente? Ou é melhor pensar que foi apenas uma celebração, uma homenagem?
Topei fazer justamente porque não era um programa de grade, mas uma homenagem. Mas a reação foi tão incrível, tão carinhosa e respeitosa, que não duvido se quiserem fazer mais. Mas eu, particularmente, não parei pra pensar. Estou muito feliz por poder ter participado de uma homenagem à pessoa mais amada da minha vida.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.